Se a pandemia mexe com a vida de jovens e crianças, também provoca impacto entre os idosos do Recife. Isso é o que revela a pesquisa realizada pelo Projeto Bairro Amigo da Pessoa Idosa, cujos dados acabam de ser divulgados. Nada menos de 69 por cento dos idosos consultados informaram que o isolamento social os levou a suspender a prática de exercícios físicos e 36 por cento pararam de caminhar. Em consequência, eles passaram a sentir dores no corpo (30 por cento), indisposição (20 por cento), fraqueza nas pernas (14 por cento) e até irritação (13 por cento).
Talvez esses sejam alguns dos motivos que levaram 63 por cento das pessoas consultadas a dizerem que esperam que “os serviços de saúde melhorem após a pandemia” e 58 por cento revelaram a expectativa de “maior assistência e mais informações para os idosos”. Entre os consultados, 50 por cento disseram ter “medo de morrer” devido ao coronavírus, e 52 por cento disseram que a pandemia os “afetou muito”. Mesmo assim, os idosos revelaram não perder a esperança de dias melhores (69 por cento), enquanto 12 por cento se revelaram “cansados e desanimados”. A pesquisa foi realizada para se avaliar as necessidades dessa população e nortear as ações que devem ser implantadas dentro do que determina a política de Bairro Amigo da Pessoa Idosa.
E foi viabilizada devido a parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Os resultados podem ser conferidos em relatório executivo disponível no portal da Prefeitura do Recife, ou através deste link: . Os dados foram coletados por meio de um formulário online, que obteve resultados de cerca de 300 pessoas com faixa etária, sobretudo, entre 60 e 75 anos e entre 80 e até mais de 90 anos, em todas das RPAs do Recife. É que 75 por cento dos idosos são importantes fontes de renda para suas famílias. E em 31 por cento dos casos, a aposentadoria constitui a única renda, muitas vezes de numerosas famílias que inclusive incluem adultos. Sendo que 25 por cento cobrem a maior parte das despesas da família, 19 por cento respondem pela metade, e apenas treze por cento só dão uma “ajuda”. Sete por cento dos ouvidos não possuem nenhuma renda.
Em compensação, alguns idosos trataram de se não se isolar e de se ocupar na pandemia. Devido ao distanciamento, passaram a se comunicar com familiares por celular (92 por cento), notebook (45 por cento) e outros aparelhos de comunicação. E 35 por cento aproveitaram a pandemia para fazer cursos on line “para ajudar a mente e ficar ocupados”. O Bairro Amigo da Pessoa Idosa foi lançado em agosto de 2020. E é baseado em conceitos presentes no Guia Global da Cidade Amiga da Pessoa Idosa, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A criação do projeto piloto na cidade do Recife pretende idealizar pautas que valorizem o envelhecimento ativo da comunidade e favoreçam a saúde, participação e segurança da pessoa idosa. A pesquisa apontou algumas demandas, como maior prestação de apoio extra para os idosos em risco, interação com outras cidades amigas dos idosos, ampliação da rede de proteção assim como a ampliação das academias da cidade e da saúde (foto superior).
Já somam mais de 400 mil o número de pessoas que morreram no Brasil, devido à pandemia da Covid-19. Em Pernambuco, o número de habitantes que contraíram a infecção chegou hoje a 404 mil 668, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. Estes números incluem os 2.511 novos casos notificados nas últimas 24 horas. Destes, oito por cento são do tipo mais pesado da doença, a Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Também foram confirmados 99 óbitos. Assim, o número de vidas perdidas para a Covid-19 chega a 13.967 no estado.
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Texto: Leticia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife (idosos) e Divulgação (idosa no computador)