Olha! Recife especial teve James Lancaster, Zumbi, Nassau e Frei Caneca

Muito legal, mas muito legal mesmo a edição especial do Olha! Recife do sábado e do domingo, em que a capital mais antiga do Brasil esteve no meio das comemorações pela passagem dos seus 485 anos. Além dos passeios ofertados pelo Projeto que tem grande empatia com turistas e com o próprio público do Recife, os participantes do  passeio foram brindados no final de semana com a presença de figuras que fizeram história em Pernambuco, através de atores devidamente caracterizados. Tanto para o sábado quanto para o domingo, as inscrições esgotaram rapidamente.

Dessa vez, a “viagem” não incluiu só  personagens  dos séculos 16, 17, 18 e 19, como é comum acontecer e que estão nos livros de história.  Os participantes do roteiro se defrontaram com de James Lancaster (1554-1618), na Rua do Bom Jesus;  Maurício de Nassau (1604-1679), no Cais do Apolo; Zumbi dos Palmares (1655-1695), no Cais da Alfândega; Frei Caneca  (1779-1825), na Rua Marquês de Olinda. Também houve homenagens para figuras ilustres que viveram ou vivem, entre os séculos 20 e o 21, e que se destacam (ou se destacaram) na vida cultural do estado. Entre eles: Cícero Dias (1907-2003) e Francisco Brennand (1927-2019), no Marco Zero. E também Getúlio Cavalcanti, nascido em 1942. De todos, confesso  o esquecimento. Ou a ignorância, não sei. Não conhecia ou não lembrava de James Lancaster. Encontrei Bráulio Moura por acaso na Praça do Arsenal, perguntei quem era e o personagem histórico incluído no roteiro.

E ele foi logo explicando a invasão que o inglês fez, durante a era elizabetana, ao Porto do Recife. Passou um mês na cidade, só saqueando açúcar, algodão, pau-brasil,  especiarias. Foi tanta pilhagem que ele voltou à Europa com doze navios a mais, para transportar o butim. Na época, o Porto do Recife era um dos mais importantes do país e Pernambuco, a capitania mais rica do Brasil Colônia. Bráulio, para quem não sabe, é historiador, turismólogo e responsável por muitos do roteiros do Olha! Recife. É idealizador do projeto  Recife Sagrado.  E um espetáculo de rua criado  por Bráulio, o Boi Voador, foi  premiado em 2019 como a melhor iniciativa de aproveitamento do patrimônio cultural para o turismo.

As outras figuras históricas, todo mundo conhece pois marcam presença assídua nos livros didáticos.  Já Cícero Dias, grande artista nascido em Pernambuco – porém radicado em Paris – tem fincou marca em um dos locais mais conhecidos do Recife: o Marco Zero, para o qual desenhou a Rosa dos Ventos no calçadão que virou uma praça de eventos e ponto de encontro na cidade. Brennand, ninguém esquece. Criador da da Oficina Francisco Brennand da Várzea (“catedral da arte”, como ele gostava de dizer) também está imortalizado no Marco Zero, com seu Parque de Esculturas cuja peça de destaque é a Torre de Cristal. Já Getúlio Cavalcanti é figura obrigatória do carnaval do Recife. Seus frevos – Último regresso, Bloco das Flores, A mais de mil, Boi Castanho, Chora Batutas, Estranho Amor, o Bom Sebastião entre outros – animam os palcos e as ruas, durante os dias de folia.

 

Veja o vídeo onde “James Lancaster” se vangloria do butim que levou do Recife, no século 16.

 

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Bráulio Moura (PCR) 

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