O Recife ganha seu 151° baobá

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Um dos maiores especialistas em baobás do mundo, o Professor John Rashford – da Universidade de Charleston (EUA) – afirma sempre que “o Recife é a cidade dos baobás” e que “Pernambuco é o coração da espécie no Brasil”. A cidade e o estado são mesmo, não é? Tanto que em 19 de junho, no Recife se comemora o Dia do Baobá, a árvore mágica e sagrada, que veio da África. E que aqui tem o poder de encantar, cativar  e aproximar as pessoas. Ou seja, além de todo o significado social e religioso essa planta, tão especial, tem um outro aspecto curioso: é agregadora.  Querem um exemplo? Visitem o Jardim do Baobá, nas Graças, em um dia de sol.

É por uma dessas e outras, que, para o #OxeRecife, todo dia é Dia do Baobá.  Quem não ama um baobá, a árvore que é tida como o maior colosso vegetal do mundo e que pode sobreviver por mais de 3 mil anos? Na nossa cidade, são nada menos de 150 árvores da espécie (Adansonia digitata), segundo informa a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife. Pois agora são 151.  No mês de junho, durante as comemorações do Dia do Baobá, mais um exemplar – aquele da foto acima – foi plantado na cidade. Ele fica nos jardins do campus Gilberto Freyre, da Fundação Joaquim Nabuco, em Casa Forte.

O mais conhecido baobá do Recife fica na Praça da República, e é um dos treze que foram tombados.

O plantio foi iniciativa do Presidente da Fundaj, Antônio Campos e de Marcus Prado. Os dois assinam o livro Pernambuco, Jardim dos Baobás, com texto do primeiro e fotos do segundo, que tem acervo com mais de 3 mil imagens sobre os baobás de Pernambuco. No Recife, dos 151 baobás, treze são tombados. Você sabe onde eles ficam?  Anote aí: Praça da República (Santo Antônio); Rua Marquês de Tamandaré (Poço da Panela); Rua Coronel Urbano de Sena (Fundão), Rua Madre Loyola (Jardim do Baobá, Graças),  Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE (Cidade Universitária), Girador do Mercado da Encruzilhada (Encruzilhada) , Parque da Jaqueira (Jaqueira), Praça Adolfo Cirne (Boa Vista),  Praça Dr Arnaldo Assunção (Engenho do Meio), Estrada Velha do Bonji (Bonji). Nessa última localidade, ficam três baobás antigos, lindos e… tombados, claro.

Em live recente, três pessoas que têm ligações profundas com o baobá, revelaram os significados da árvore mágica para as suas vidas. Doutorando em Cultura e Sociedade pela Ufba, Fernando Batista é um verdadeiro semeador de baobás. Já levou mudas para grande parte das capitais brasileiras, incluindo Salvador, onde os baobás pernambucanos são hoje sacralizados em terreiros de candomblé.  Alguns dos baobás do campus da Ufpe foram por ele plantados. E sua dissertação de mestrado defendida na Ufpe discorreu sobre o baobá e seus significados religiosos. Fundadora do Movimento Negro do Recife, Inaldete Pinheiro de Andrade contou suas primeiras ligações com  a planta no Recife, que a população costumava chamar de “barriguda”. Mas foi em visita ao Senegal, em 1972, que ela descobriu a identidade da árvore, a sua importância para as populações africanas, o seu papel na sociedade.

“Aí, o baobá assumiu outro significado para mim, ancestral mesmo e passou a fazer  parte de minha vida”, diz Inaldete.  Nancy de Souza Silva, a Vovó Cici – uma das figuras proeminentes do candomblé na Bahia – ratifica a importância religiosa da árvore. “Meu olhar sobre o baobá é diferente do de vocês, que frequentaram as universidades”, disse, dirigindo-se a Fernando e Inaldete. “A minha percepção é afetiva, religiosa, sagrada, pois ele faz parte do universo de Obatalá”, diz a griô. Ela é ebomi do Ilê Axé Opô Aganju e pesquisadora da Fundação Pierre Verger, em Salvador. Na mitologia iorubá, Obatalá é “somente”  o orixá mais antigo, aquele que criou os humanos. “A planta faz parte do universo de Obatalá, que inclui sete árvores sagradas, e entre elas está o baobá”, diz Cici.

Veja a exposição fotográfica sobre os baobás, que consta nas redes sociais da Fundação Joaquim Nabuco, mostrando os baobás de  Pernambuco, com fotos do acervo de 3 mil imagens de Marcus Prado, parte do qual integra o livro Pernambuco, Jardim dos Baobás.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Vídeo: Fundação Joaquim Nabuco /Fotos de Marcus Prado

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