A gente que vê sempre cães e gatos abandonados pelas praças e ruas, até pensa que só caninos e felinos são deixados por tutores em vias públicas, o que acontece quando os animais adoecem, envelhecem ou no caso de crias em grandes ninhadas. Pois fiquem sabendo, após a Páscoa, o que não falta é coelhinho – o bichinho vivo, não aqueles de chocolate – em terrenos baldios, em praças, mercados públicos, até em valas. As pessoas presenteiam amigos, principalmente crianças, com os peludinhos roedores. Mas, muitas vezes, os pais não querem ter trabalho, e dão fim aos animaizinhos indefesos. Mas nem tudo está perdido. É que há pessoas e instituições de olho nos abandonados, ou fazendo campanha para evitar que o maldoso descarte aconteça.
No Recife, o exemplo vem de Cláudia Barbosa e Renato Galindo, que desde 2015 fundaram a Trufofa, para fabricação artesanal de doces como brigadeiros e trufas. Nessa época do ano, no entanto, a produção é quase toda de chocolate, atendendo à demanda da Páscoa. O casal vai destinar parte dos lucros com os produtos ao GAC – Grupo de Apoio aos Coelhos, organização não governamental com sede em São Paulo que resgata os bichinhos que são desprezados logo após a Festa. “Essa Páscoa vai muito além de chocolate. Uma parte dos lucros obtidos com a venda de todos os itens será revertida para o @gacgrupo continuar fazendo a diferença na vida dos amados orelhudinhos”, diz a campanha da Trufofa, contra o abandono desse tipo de pet.
A fim de sensibilizar os clientes para evitar sofrimento aos coelhinhos, eles lançaram um kit, com cinco ovos de corte, inspirados nos coelhos da vida de Cláudia: Elvis, Lilica, Van, Celeste e Adelaide. Cada um com sua história relatada. Do grupo de cinco só resta Adelaide. Dois já faleceram e dois foram furtados do quintal . “Ela foi resgatada, chegou com a patinha quebrada e com muito medo de tudo, mas a força da miudinha fez com que ela descubra tudo ao seu redor”, diz sobre Adelaide, o folheto que acompanha o kit. “Hoje, dá pulinhos de felicidade com sua patinha curada”, diz o folder que traz, ainda, informações sobre os animais: “Coelho são família, não brinquedo”. Resultado: na Quinta-Feira Santa, os kits tinham voado. O produto não ficou para quem quis. Mesmo que um dos cinco coelhinhos de chocolate, Van, apareça mutilado. Mas o folheto que acompanha o pacote conta que, ao ser resgatado em um mercado público do Recife, o roedor estava tão mal cuidado, que só tinha uma orelhinha.
Na Feira Orgânica da Praça de Casa Forte – que acontece aos sábados, mas foi antecipada para hoje – o casal só tinha ovos de chocolate de colher (aqueles que possuem recheio cremoso e são comidos com ajuda de colher). Os de corte (que são consumidos emborcados e cortados como bolo), que formam o kit, agora, só em 2024. “Voaram” todos, pois a demanda foi grande. “Coelho não pode ser um presente de Páscoa, mas um companheiro para toda a vida”, lembram Cláudio e Renata. Nos folhetos que acompanham o kit, os dois dão, ainda, informações sobre esses bichinhos tão simpáticos, como tempo médio de vida (dez anos). E também dicas sobre alimentação, ingestão de líquidos, higienização do espaço em que vivem, atendimento veterinário especializado. E que também precisam de amor e carinho.
Fica a sugestão para quem ainda não comprou os ovos da Páscoa: o telefone da Trufofa é (81) 99637-8200. Embora o kit não tenha chegado para quem quis, ovo de chocolate ainda tem para fornecer. A quem comprar, os coelhinhos verdadeiros agradecem. Abaixo, você confere informações sobre a Semana Santa e sobre pets.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e Divulgação / Trufofa
Linda iniciativa. São esses exemplos que me faz acreditar ainda no ser humano. Parabéns vamos apoiar essa ideia