Nota dez para as praças da infância. Mas, e o verde… onde é que fica?

Claro, quanto maior for o número de praças da infância, melhor para a comunidade, pois a iniciativa já mostrou ser um case de sucesso. Desde a primeira (que foi inaugurada no bairro da Encruzilhada) até a última (que ocupa uma área antes sem uso, no Córrego do Morcego, no Bairro de Dois Unidos), os resultados são sempre positivos: as crianças não ficam à toa e aumenta o convívio na comunidade. Até o momento, essas praças voltadas para as crianças já somam oito no Recife, divididas em bairros de classe média, em morros, em comunidades que surgiram a partir de favelas.

No caso da última, na Zona Norte do Recife, foram investidos R$ 736 mil, recursos que incluem infraestrutura, brinquedos e demais componentes. E o que é bom: a praça ocupa um terreno que não tinha uso, que geralmente costuma virar área de descarte irregular de lixo ou ponto de encontro para uso de drogas. Sem falar que são muitos os altos do Recife que não ofertam nenhuma opção de lazer aos moradores e muito menos às crianças. “A gente tem que fazer equipamento de qualidade na cidade inteira, e Dois Unidos é um exemplo disso. A gente vai levar as praças da infância para toda a cidade, mas a gente tá priorizando, sobretudo, as periferias do Recife”, afirma o Prefeito João Campos (PSB), em cuja gestão as praças da infância começaram a ser implantadas (o anterior, nem das convencionais, que já existiam, ele cuidava).

Praça da Infância, implantada em Dois Unidos, no Recife, praticamente não tem verde: aridez nos altos

Então, aplausos para a gestão. Mas em termos de conforto térmico, fiquei impressionada com a aridez em torno da Praça da Infância. Uma selva de concreto protegendo as encostas do entorno que, um dia, foram cobertas de matas nativas, de árvores, de vegetação. A própria Praça da Infância, que poderia ser um oásis no meio do deserto de colinas de cimento, também carece de verde. Esse verde que aparece na foto central, não é da praça, mas sim de dois coqueirinhos que ficam em um quintal vizinho. Fiquei a pensar na criançada que pode acorrer ao local no final da manhã ou no início da tarde, e o desconforto térmico que os pequenos vão enfrentar.

No release que me foi enviada pela Prefeitura, sobre a nova praça, constam informações sobre todo o mobiliário da praça. Mas em nenhum momento se fala em quantas plantas – mudas de árvores ou ornamentais – foram providenciadas para quebrar a aridez do morro. “Dessa forma, temos como resultado um projeto onde os elementos que compõem a estrutura paisagística e urbana (a vegetação, o mobiliário urbano, a iluminação, entre outros) foram considerados conjuntamente, buscando atender às necessidades da população local”, informa a PCR. Mas olhem bem direitinho para as duas fotos desse post. Cadê as árvores? Cadê o verde? Se tem, é tão pouco, que passa despercebido aos nossos olhos.

Quando falamos em praças, lembramos logo do verde, mas infelizmente esse não é o pensamento dos gestores

Aqui, no #OxeRecife temos as campanhas #paremdederrubarárvores e #recifeemergênciaclimática, ambas de caráter permanente. A primeira mostra as árvores que sumiram da paisagem e cobra reposição das vítimas de arboricídio. É comum observar-se guilhotinas em obras públicas. Inclusive já questionamos essa prática aqui nesse espaço. Na segunda, mostra-se as ruas da cidade onde não há uma só árvore plantada. Pelo visto, o Córrego do Morcego e a Praça podem ser enquadrados nos dois casos. E haja ilhas de calor no Recife da emergência climática. Meu Deus!…..

Nos links abaixo, mas informações sobre as chamadas praças da infância e sobre outras praças do Recife.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Hélia Scheppa e Dondinho/ Prefeitura do Recife

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