É fogo, não é? Dia desses, meu filho caçula, Thiago, espantou-se com a dança de preços, nos supermercados. Chegou em casa comentando os aumentos em produtos básicos, expostos nas gôndolas. Quase que não entendia nada. Ele é da geração Real – tinha dez anos quando a moeda foi criada – e tornou-se adolescente e adulto vivenciando a estabilidade de preços. Naquela época, o quilo do frango custava R$ 1, e terminou virando símbolo do poder de compra do Plano Real. Pesquisa divulgada pelo Procon/PE nessa quarta-feira mostra uma realidade triste: que o aumento acumulado da cesta básica no Recife já chega a 16,64 por cento em 2022.
E o aumento não cessa de crescer. Em julho, a cesta básica custava R$ 662,03 e passou para R$ 667,45, no mês de agosto. E o resultado do aumento impactou 55,07 por cento sobre o valor do salário mínimo. Então, já dá para se perceber como a situação está difícil. A investigação foi feita entre os dias 22 e 25 de agosto, na Região Metropolitana do Recife. Imaginem só, em tempos duros, o fubá sempre quebrou um galhão entre as famílias mais pobres. E aí tudo cuidado é pouco, pois os preços podem ter variações de até 285 por cento entre um mercado e outro. Também foram constatadas diferenças absurdas de valores em outros alimentos, em percentuais que chegam a 158 por cento (farinha) a 153 por cento (salsicha). Nesse caso, o preço do quilo variou de R$ 7,89 a R$ 19,99.
Com o preço estatrosférico da carne bovina, tem muita gente apelando para embutidos, que são mais em conta. Mas mesmo optando pela nem sempre saudável salsicha, o consumidor ainda pode ter prejuízo, como se observa na diferença acima de preços. Ou seja, pesquisar – sempre – é preciso. No item limpeza, o sabão em pó é o vilão, com uma diferença percentual de 211,32%, o pacote com 500g foi encontrado por R$ 1,59 até por R$ 4,95; já no quesito higiene pessoal, o papel higiênico, pacote com quatro unidades, teve a maior variação de preços, 285,71%. O menor preço registrado pelos fiscais foi R$ 1,89 e o maior R$ 7,29. O Procon/PE pesquisou um total de 27 itens em 22 supermercados na RMR. A pesquisa está disponível no site do Procon/PE www.procon.pe.gov.br.
É muito salutar que órgãos como o Procon/PE divulguem resultados dessas pesquisas, pois o consumidor fica orientado, sabe onde procurar os produtos mais baratos. Porém tem um grande problema que os órgãos de defesa do consumidor estão deixando passar em branco. As grandes indústrias estão reduzindo os tamanhos das embalagens e cobrando preços muito mais caros. Um saco de leite Ninho que chegou a custar R$ 19 (850 gramas), em 2019, agora é achado por até R$39 (com 750 gramas). Também houve reduções nas metragens de papel higiênico, no tamanho de bolachas, biscoitos e torradas. Porém, ao invés de redução de preços o que se observa é o contrário. Peso menor, preço maior. Até o papel higiênico está com a metragem menor. Mas os preços…
E o consumidor fica com cara de otário, porque os órgãos fiscalizadores nada fazem para protegê-lo. O Ipem se limita a fiscalizar os preços registrados nas embalagens e os que constam nos produtos. E quem fiscaliza esse assalto? Imaginem os milhões de reais que as grandes corporações estão faturando, vendendo quantidades menores com os preços ainda mais altos! A-B-S-U-R-D-O! E nesse caso, ninguém faz nada!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Procon / Divulgação