O Museu do Estado de Pernambuco abre as portas, nessa terça-feira (21/5) para dois eventos, o primeiro deles carregado de afetos e memórias. É a exposição “Carlos e Lygia: A Poética de uma Museologia Afetiva”. Carlos Estêvão de Oliveira (1880-1946) era advogado, poeta, mas destacou-se sobretudo pela preservação da memória dos povos originários. Sua coleção etnográfica e arqueológica, adquirida ao longo de décadas, tornou-se um tesouro nacional e está abrigada no MEPE. Nascida em 1914, Lygia era filha de Carlos. E se o pai dedicou a vida a reunir a coleção, a filha encarregou-se de zelar pelo acervo que Carlos reuniu.
Lembro-me dela, cuidando das peças no MEPE com o maior carinho do mundo. Como repórter, cheguei a entrevistá-la algumas vezes inclusive durante a grande enchente que atingiu o Recife, em 1975, quando parte do acervo foi danificado pelas águas. Recordo bem até do título da reportagem, publicada no Jornal do Brasil (então um grande jornal do Rio de Janeiro), onde eu trabalhava à época: “A lavagem cultural do Capibaribe”. Na matéria mostrava – entre outras perdas – as peças importantes do Museu que foram prejudicadas em uma cheia na capital, de proporções tão assustadoras como a que assistimos, atualmente, em Porto Alegre.
Lygia, com a maior paciência, ia – aos poucos – limpando as peças da coleção à qual o pai dedicou a vida. Isso, enquanto conversava. Muito jovem, e ainda no início de minha carreira de jornalista, foi naquela ocasião que ouvi falar, pela primeira vez em Curt Nimuendaju (1883-1945), o célebre etnólogo alemão nascido Curt Unckel, que morou por 40 anos no Brasil, percorrendo o país em meio às terras e povos indígenas. E como qual Carlos trocara longa correspondência.
Lembro-me que Lygia comemorou o fato de uma parte do acervo ligado ao nome do pesquisador alemão não ter sido atingido. Era algo único. Não lembro se uma edição de algum livro ou se o volume com as cartas. Já faz muito tempo, porém a memória me mostra vagamente Lygia falando sobre o fato do livro (ou a correspondência) ter ficado sobre um armário salvando-se, assim, da destruição provocada pelo banho de lama. Acho que foi isso. A expô mostra além de artefatos, documentos e fotografias que retratam as vidas e os trabalhos de pai e filha. A mostra também enseja uma série de eventos educacionais e culturais, como oficinas, palestras e exibições, para mostrar a importância contínua do legado na construção da identidade cultural brasileira. A curadoria é de Anaíra Mahin (cientista social, pesquisadora e poeta) e de Renato Athias (antropólogo).
Após exposição sobre Carlos Estêvão e Lygia, tem livro “Reynaldo Fonseca”
Quem for à inauguração da exposição sobre Carlos Estêvão e Lygia, que é às 16h, pode até fazer uma horinha e ir ficando por lá. Pois à noite há uma outra atividade no MEPE, igualmente imperdível.
É que será lançado no auditório do MEPE, às 19h, o livro “Reynaldo Fonseca” , que relata a trajetória de um dos artistas mais conceitados do país. Em edição luxuosa, bilíngue e com 272 páginas, a publicação faz um mergulho na obra daquele que é um dos maiores nomes do século 20 nas artes plásticas em Pernambuco. E que, provavelmente, se inscreverá ainda entre os grandes do século 21. Reynaldo (1925-2019) tem sua obra dissecada, no livro que é em bilíngue, e traz a produção do pernambucano compreendida entre 1930 e 2019 (com cronologia ilustrada). O lançamento será precedido de conversa com a autora, Denise Mattar. E uma palestra da professora Joana D´Arc de Lima. Estão todos convidados. Para os dois eventos!
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Serviço:
Exposição “Carlos e Lygia: A Poética de uma Museologia Afetiva)
Quando: Terça-feira, 21 de maio (fica em cartaz até 2 de junho)
Horário: 16h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Mepe)
Acesso gratuito
Lançamento do livro “Reynaldo Fonseca”
Quando: Terça-feira, 21 de maio
Horário: 19h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Mepe)
Acesso gratuito
Endereço do MEPE: Avenida Rui Barbosa, 960, Graças
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Divulgação / MEPE