Rola uma lenda urbana, segundo a qual um menino que vendia pirulitos no então Zoobotânico de Dois Irmãos, um dia sumiu. Os pirulitos eram bem tradicionais, daqueles em forma de cone e que ainda hoje são vendidos nas ruas em tabuleiros cheios de furos para acomodar os doces. Segundo contam os mais velhos, no século passado ele teria sido atraído por uma voz vinda da vegetação fechada da Mata Atlântica. Chegando lá, soltou um grito de pavor e… desapareceu.
Os tempos passaram, mas a história permanece no imaginário popular e até é lembrada quando ocorre alguma edição do Zoo Assombrado, que faz uma “viagem” por histórias de assombrações do Recife, que vão do Menino do Pirulito à Comadre Fulozinha, da Cabra Cabriola aos próprios Dois Irmãos, que dão nome a aquele que hoje é o Parque Estadual de Dois Irmãos. Ambos teriam virado almas penadas. Não sei se a escultura Menino do Pirulito, de Abelardo da Hora (1924-2014), é anterior ou posterior à lenda. Porém a escultura está tão mal cuidada que lembra mesmo uma assombração. Ela precisa, urgentemente, de restauração. Um pedaço do concreto que segura o cabo da tábua de pirulito até já degenerou e a ferragem que o sustenta está com um bom pedaço exposto.
A escultura também está suja, com muito musgo. Tudo que a gente precisa é conservar com cuidado e carinho o legado (de esculturas e outras obras de arte) que nos foi deixado pelo artista porque, como se sabe, Pernambuco perdeu todo o seu acervo de Abelardo da Hora para a Paraíba, onde a coleção já virou atração turística. Aos pernambucanos, restou o consolo de ver suas esculturas em ruas, e praças, e parques (como o de Dois Irmãos, o Treze de Maio e o Dona Lindu).
Então, não custa nada aos órgãos oficiais preservar o que sobrou. No caso do Menino do Pirulito, a gestão da área é do Governo do Estado, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco que, talvez, tenha que fazer parceria com um outro órgão, para restaurar a peça. Até porque a Semas cuida da natureza, dos animais. E mesmo instalado no interior do PEDI, o Menino do Pirulito é de concreto. E não de carne e osso, como os mamíferos, aves, répteis ali abrigados. O outro Menino do Pirulito é aquele mesmo, que povoa a nossa imaginação.
Abaixo você confere mais informações sobre Abelardo da Hora e sobre histórias de assombração.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
