Médicos orientam pais com livro em linguagem de cordel

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Quem não conhece uma criança que já tenha sofrido um acidente? Tem menino que já meteu o dedo na tomada, outro que se queimou no papeiro do mingau, um que engoliu uma bola de naftalina pensando que era bombom. Há até aquele que enfiou  a tampinha do perfume no nariz, e quase morre sufocado. Foi pensando em incidentes como esses, que quatro médicos se reuniram para produzir o livro “A dádiva do cuidar – Princípio das humanidades”, uma verdadeira bíblia para quem tem criança em casa. A publicação aborda da gravidez ao nascimento, do nascimento ao crescimento, do crescimento à escola, da escola ao bullying. Inclui até a questão do Aedes aegypti e a microcefalia.

Ao todo, são mais de 70 situações enfocadas, que envolvem os cuidados com a saúde e a segurança da criança, os riscos de produtos como repelentes e talcos, a situação do berço, as trelas arriscadas, os animais peçonhentos, a alimentação adequada. O livro fala, também, de negligência, da Internet, dos riscos dos pedófilos na rede. Tudo escrito em linguagem bem acessível, através de quadrinhas, com inspiração nas rimas da literatura de cordel. Mas o livro não tem apresentação em forma de folheto. Ao contrário, a edição é primorosa, em cores e papel de luxo. A organização é de Paulo Barreto Campelo, Coordenador do Programa “A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola”, que mudou a dura realidade das crianças com câncer, que são atendidas no Hospital Osvaldo Cruz.

Ele contou com um time de peso, para a produção do livro. Além de Paulo, que também é músico, participam Ronaldo Cunha Dias, Wilson Freire e Carlos Reinaldo Carneiro Marques. Ronaldo é cirurgião geral, médico auditor da Secretaria de Saúde de Vacaria, no Rio Grande do Sul, e … cartunista, dos bons. Tem premiações e trabalhos publicados em pelo menos cinco países. Foi ele quem fez as ilustrações do livro. Wilson, além de médico, é escritor, cineasta e compositor. Reinaldo é especialista em tocoginecologia, ultrassonografia e medicina fetal. É também músico, e produtor musical. O livro, traz, ainda, um texto do multiartista Antônio Nóbrega sobre a origem e a importância das quadrinhas. E um prefácio do sociólogo Paulo Henrique Martins, sobre o valor da dádiva.

Avô coruja de Lucas, o médico Paulo Barreto Campelo teve a ideia de produzir um livro para orientar os pais.
Avô coruja de Lucas, o médico Paulo Barreto Campelo teve a ideia de produzir um livro para orientar os adultos.

A ideia do livro, é do avô coruja, Paulo Barreto Campelo, cuja inspiração surgiu a partir do nascimento do neto Lucas, filho do filho Dênis, com sua esposa Elisa. Afirma que o livro se propõe, “de forma lúdica, a mostrar os cuidados que devemos ter com nossas crianças, desde a concepção, até a adolescência, esperando contribuir pra que elas possam, no futuro, ser cidadãs em toda sua plenitude”. Veja algumas quadrinhas do livro: “Tomada sem proteção/ É erro grave que enterra/ Porque dedo de bebê/ Nunca será fio terra”.  Um conselho na cozinha: “De fogão, comida quente, / Deixe o filho na lonjura, / Se cair por cima dele, / Causa grave queimadura”. Ao lado de uma foto de um bebê esquecido no interior de um carro, em um dia de sol quente, outro conselho: “Negligenciar cuidados/ É um crime, veja e anote:/ É seu filho, não se esqueça. / Não é compra, nem pacote”. Outra advertência, também em situações fora de casa: “Se na escada rolante/ Alguém ficar displicente/ Com a criança curiosa, / Pode rolar acidente”.

O perigo pode estar até no quarto do neném: “No berço do seu bebê/ Nunca seja exagerado/ Pois, excesso de fofura, / Pode matar sufocado”. Tem gente que tem mania de levantar as crianças pelos braços. Mas “criança não é morcego/ Para viver pendurada, / Nenhum ombro é dobradiça/ Nem braço corda esticada”. Também aborda a violência: “A criança violentada/ Em casa ou onde frequenta/ Quando crescer tem mais chances/ De também ser violenta”. E mostra que o excesso de brinquedos ou bem materiais não significam conforto: “Cercada por mil brinquedos/ Elétricos, plásticos de pano, / A criança é solitária/ sem a presença do humano”. O livro pode ser encontrado na Villa 7, livraria com lojas no RioMar, Shopping Center Recife e na Toyolex Rui Barbosa.

 

 

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