Marco Zero expõe inéditos de João Câmara

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Discreto – vive para o seu trabalho – reconhecido, premiado, e famoso pela grandiosidade de sua arte. Agora, o pintor entra mais uma vez em evidência na noite dessa quinta-feira (19/05), com a inauguração da exposição “João Câmara, nota nova – Ecos de 1967”, na Galeria Marco Zero, que fica no bairro de Boa Viagem. A mostra abre ao público a partir das 19h. E traz uma seleção de obras realizadas no período de 1965 a 1971, que  traçam um panorama do início da construção da poética do artista e seus principais interesses, ângulo pouco mostrado em suas mostras individuais.  Há trabalhos que são inéditos no Recife.

Curioso: O ponto de partida desta exposição é o grande prêmio recebido por João Câmara no IV Salão Nacional de Brasília, em 1967, desbancando artistas mais renomados no período como Aloísio Carvão, Lothar Charoux e Hélio Oiticica (que ganhou referência especial do júri). Ele tinha, então, 23 anos. A obra que constitui o corpo principal da mostra é, portanto, “Exposição e motivos da violência”, de 1967, o tríptico vencedor e inédito no Recife. A exibição segue até o dia 23 de julho, com o horário de funcionamento de segunda à sexta das 10h às 19h e fins de semana das 10h às 17h, na Galeria Marco Zero, que fica localizada na Av. Domingos Ferreira, nº 3393, bairro de Boa Viagem, no Recife. O acesso é gratuito.

João Câmara, iniciou os estudos no curso livre de Pintura da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco entre 1960 e 1963. Na mesma década, seus trabalhos ficaram conhecidos pelas figuras humanas com representações de corpos fragmentados, o que conferiu um caráter peculiar a sua criação. Na década subsequente, ele inicia a série “Cenas da Vida Brasileira 1930/1954” (1974-1976), que hoje configura seu conjunto de obras mais famoso, como também “Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara” (1977-1983), do mesmo período. Em 1986, cria “O Olho de meu Pai sobre a Cidade”, em que faz uma homenagem a seu pai e à cidade do Recife, que escolheu para residir desde que saiu da Paraíba. No início dos anos 2000, concluiu a maravilhosa série “Duas Cidades”, que tem como cenário as cidades de Recife e Olinda, esta última, cidade de domicílio do artista atualmente. A última grande exposição sobre João Câmara ocorreu em 2019, no Museu do Estado: “Trajetória e Obra de um artista”. A curadoria da exposição no Marco Zero é de Cristiana Tejo.

Trabalho que premiou João Câmara quando tinha apenas 23 anos é o ponto central de exposição da Marco Zero

Tejo conta que na mostra há muitas pinturas que integram acervos diversos, mas nunca foram mostradas juntas, principalmente lado a lado com a obra central “Exposição e motivos da violência”.  Conta que “praticamente todos os trabalhos expostos são de coleções encontradas em locais variados de Pernambuco, mas a obra principal veio do Museu de Brasília e é a partir dela que o projeto curatorial começou. Ela é a gênese artística do João Câmara”. Ela ainda coloca um olhar reflexivo para essas produções de 1965 até 1971, cuja narrativa segue tendo como pano de fundo as discussões a respeito da inserção e visibilidade da arte do Nordeste, e traz questionamentos como ‘O que essas pinturas e esse contexto iluminam nossa realidade atual?’.

Comandada por Eduardo Suassuna e Marcelle Farias, a Galeria Marco Zero ocupa um espaço de 600m² dividido em três espaços expositivos que recebem uma programação artística baseada na pesquisa curatorial e com uma abordagem voltada para um público plural.  A galeria reúne obras de diversas vertentes, expressões, períodos e estilos. Entre os destaques, a representação do espólio do pernambucano Gilvan Samico, e a preservação e difusão de nomes do quilate de Abelardo da Hora, Cícero Dias, Gil Vicente, Francisco Brennand, João Câmara, José Cláudio, Burle Marx, Vicente do Rego Monteiro, Tereza Costa Rêgo, Reynaldo Fonseca, Lula Cardoso Ayres, Bajado, Di Cavalcanti, Portinari, Tomie Ohtake, Rubem Valentim, entre outros. A galeria também se corresponde com movimentos mais contemporâneos apresentando trabalhos de Tunga, Miguel Rio Branco, Paulo Pasta, José Damasceno, Rodrigo Andrade, Túlio Pinto, Emmanuel Nassar, Felipe Cohen, Tatiana Blass, Tulio Pinto, Paulo Whitaker.  A Marco Zero ainda abriga uma biblioteca especializada.

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Serviço
Exposição “João Câmara, nota nova – Ecos de 1967”
Curadoria – Cristiana Tejo
Galeria Marco Zero – Avenida Domingos Ferreira, nº 3393 – Boa Viagem – Recife
Abertura: 19/05 às 19h | Visitação 19/05 até 23/07
Horário – seg à sex | 10h-19h | sáb e dom |10h-17h
Acesso gratuito

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos; Divulgação /  Galeria Marco Zero

 

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