Prestem atenção nesta árvore. Com certeza, está marcada para morrer. Pode ser considerada “de risco”, e ser assassinada pela motosserra insana. Seu tronco está firme, mas o galho principal caiu, com todas as ramificações. Mesmo assim, ela se manteve firme, resistindo, provavelmente para sobreviver. Foi na Praça de Casa Forte, Zona Norte do Recife.
Aconteceu na manhã de 12 de outubro. Graças a Deus – no Dia da Criança e no feriado consagrado à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida – nosso Grande Pai escolheu a data certa. Porque o acidente foi na frente de um colégio, e poderia ter provocado uma tragédia se tivesse ocorrido em dia comum, de manhã, durante a chegada das crianças.
Passei perto hoje, mas não vi nenhuma praga, cupim, essas coisas. Não sei porque caiu o pedaço da árvore. Também não consegui decifrar a sua espécie, porque a placa indicativa sumiu. Como vocês sabem a Praça de Casa Forte é tombada e foi elevada à categoria de Jardim Histórico, mas as placas estão com letreiros apagados. E outras, como a da recente vítima, desapareceram.
A gente sabe que as pessoas, os animais e as plantas têm prazo de validade. Todo ser vivo cumpre o mesmo ciclo, nascimento, vida e morte. Nas matas, as árvores tombam naturalmente e são degradadas por cupins e outros insetos, transformando a terra em adubo, onde brotam suas próprias sementes. E a vida, assim, se renova. Na cidade, com tudo em concreto, o que a gente tem que fazer é cuidar delas, da melhor forma. Temos que ter fitossanitaristas, botânicos, engenheiros florestais, para que elas sejam tratadas quando atacadas por pragas. Para que durem muito tempo. Mas o que ocorre no Recife é o contrário: adoeceu, o remédio é só ela, a motosserra insana. Por isso, fiquem de olho, senão, essa será a próxima vítima.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife