Maracaípe: Ecoturismo, passeio no manguezal, história e trilha flutuante

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Tida como o paraíso dos surfistas – por suas ondas e por ser considerada área fora de risco de ataques de tubarões – a praia de Maracaípe é muito mais do que isso. É rio,  manguezal, restinga, resquício de Mata Atlântica, história. É também artes plásticas, como mostra o artista Romero Marques, cujo ateliê fica à beira do mangue, com um acervo todo inspirado nas coisas do mar. Maracaípe também dispõe de sítios na área rural, onde se pode fazer uma refeição caseira, porém com tempero na medida. O retorno é o mais relaxante, com trilha flutuante (foto abaixo) pelo Rio Maracaípe, no caminho da volta ao ponto de chegada. Maracaípe fica no município de Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco, a apenas três quilômetros de Porto de Galinhas.

Porém fazer trilhas pelo meio do mangue e ir até terra firme não é para qualquer um. É preciso um guia, que nos ajude a mostrar os melhores caminhos, os com menor atoleiro e também escolher o melhor horário, pois o passeio tem que obedecer à tábua das marés. Também é preciso não ter medo de se melar nos roteiros pelo mangue. Nosso guia foi Beto Gaitero, da Gaitero Ecoturismo. E foi tudo feito com muito cuidado. Para começar, nosso temor de molhar equipamentos fotográficos e telefones celulares se dissipou logo no início.

É que logo depois do primeiro  ponto de encontro – no ateliê de Romero- seguimos para um píer onde nos aguardava uma jangada, para transportar todo o material para o outro lado do Rio Maracaípe. Quem quisesse também poderia pegar carona na jangada, mas todo mundo preferiu ir a pé até a outra margem, já que a maré estava baixa. Atravessamos com água na cintura. A partir daí, foram vários caminhos em meio aos manguezais, para conhecermos melhor a rica vida no meio do mangue.

Passamos pela Trilha do Aratu, Aterro dos Frades, Trilha do Mangue, Trilha do Escravizados, com várias paradas, para aprendermos sobre a flora e a fauna da região. Então, enfrentamos uma subida até o Mirante do Outeiro, onde fica a igrejinha de Nossa Senhora da Conceição, em estilo maneirista e construída  no século 17. Ao seu lado, uma linda gameleira que nos deu uma sombra generosa e parada para descanso,sob um sol causticante. No caminho, também  chama atenção a  Casa de Retiro Franciscana (foto na galeria), que mantém as mesmas características da época que foi construída, no século 16.

No percurso em terra firme, encontramos árvores  comuns à Mata Atlântica, como a maçaranduba, a cupiúba, aroeira, milho-de-urubu e muitas bromélias. O almoço foi na Casa de Farinha da Dilma, com cardápio simples e caseiro, mas com bom tempero. A comida é bem baratinha e ainda tivemos direito a uma sobremesa gostosa. (Apesar do ambiente simples, não houve vexame como aconteceu recentemente na Fazenda Oásis, em Paudalho, onde no almoço faltou quantidade e qualidade, quando lá estive, apesar da refeição ter sido incluída no pacote). Para os que nunca viram – tão urbanos que somos – é interessante saber como funciona uma casa de farinha. O sítio da Dilma é aconchegante, arborizado  e tem todas as características de propriedades de agricultura familiar. Tudo muito simples, mas é preciso agendar antes.

O turismo comunitário funciona como complementação de renda. No retorno, passamos pelo Santuário das Mangueiras, e fizemos a Trilha dos Escravos até um local chamado Ribeira, antigo ponto de embarque e desembarque de africanos que vinham trabalhar sem nenhum direito nos engenhos de cana-de-açúcar da região. O percurso de ida e volta não é grande, entre cinco e seis quilômetros. Mas é demorado: umas cinco horas, incluindo o almoço. Na volta, o melhor: trilha flutuante. Pois nos foram fornecidas boias, sobre as quais fomos puxados até o local de onde tínhamos saído. Divertido e relaxante. Recomendo. Mas gostaria que as explicações sobre a flora e a história do local fossem mais resumidas.  Maracaípe fica vizinha a Porto de Galinhas, balneário do estado mais disputado por turistas.

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Serviço
O que: Ecoturismo em Maracaípe, Ipojuca
Trilhas: Há três tipos, a partir de três horas
Atrações: caminhos pelo manguezais, pela restinga e Mata Atlântica. Visitas a locais históricos, almoço em casa de farinha e retorno em trilha flutuante
Almoço na Casa de Farinha da Dilma, a combinar (por conta do visitante)
Valor: R$ 120 por pessoa
O que inclui: guia, disponibilidade de barco, boias para trilha flutuante
Quem faz: Gaitero Eco Turismo – Telefone  e WhatsApp – (81) 984212866
Ponto de saída: Rua A, Maracaípe, após visita ao ateliê de Romero Marques

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / Gaitero Ecoturismo / Andarapé

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One comment

  1. Eu fiz esse mesmo roteiro, passeio incrível. Vale cada centavo. É uma experiência única e uma aula de história, geografia, ciências, cultura popular, biologia e de vida. Recomendo demais!!!

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