Eles são uma graça. Mas no Recife raramente são observados em áreas urbanas, situação bem diferente do que ocorre com saguis, que frequentemente estão em diversos bairros da cidade e até criam intimidade com os moradores. Comigo, por exemplo, já são considerados da casa. Me visitam quase diariamente. Animais da espécie também são observados no campus da Universidade Federal de Pernambuco. Mas esse da foto é o chamado macaco-de-cheiro (Saimir sciureus), e é muito visto não no Recife, mas no no arborizado campus da Universidade Federal da Bahia.
Quem me envia essa foto a partir de Salvador é o antropólogo Fernando Batista, que faz doutorado na Ufba. Ele conta que esse gracioso bichinho é sempre visto lá, o que não deixa de ser um pouco estranho, já que a espécie é natural da Amazônia. Mas, enfim, deve ter se espalhado por Salvador, embora eu não saiba dizer se foram introduzidos por humanos, ou se vieram pulando de galho em galho, até chegar lá. E o bichinho é uma graça, tem hábitos diurnos e não é grande. Mede cerca de 30 centímetros. Mas vive em convívio harmonioso com estudantes e funcionários da Ufba.
Pela carinha, também é chamado de boca-preta. Porém é conhecido ainda, por outros nomes populares, como jurupixuma e jurupari. Gostam de se locomover no alto das árvores, em matas que os protejam de aves de rapina. Eventualmente vão a alturas menores – como o da foto, que está sobre uma cerca – e podem ir até o chão, o que não é comum.
Como a maior parte das espécies de macacos, são animais muito gregários. Andam em grupos de doze a cem. Em áreas mais selvagens e preservadas, podem chegar a se juntar em grupos de até 500 indivíduos. Alimentam-se de insetos (fazendo um bom controle biológico) e também de frutas, sendo, portanto, bons semeadores Defecam as sementes intactas, que no solo germinam e viram novas árvores. Além do Brasil, ocorrem na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Paraguai e Venezuela. Há informações de populações pequenas no sudoeste da Flórida. Circulam em biomas como os das florestas tropicais e manguezais.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fernando Batista / Cortesia