Quem não gosta de ver um bichinho? Eu, por exemplo, perco um bom tempo curtindo pandas, coalas, cangurus, cantos e plumagem de aves, primatas, leões, leopardos, zebras e outros animais em sites especializados e redes sociais. E gosto de observar o comportamento dos selvagens e também dos domésticos. Entre os primeiros, tenho muita curiosidade pelos primatas, que são sempre comunicativos e engraçados. Mas há primatas que são pouco conhecidos pela população. Dois desses são o Sauim-de-coleira (Saguinus biocolor, foto acima) e o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita, foto abaixo). As duas espécies estão ameaçadas de extinção.
Mas, felizmente, tem gente trabalhando para evitar que esses animais desapareçam e inclusive atuando na reprodução, como é o Caso do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro. O Sauim está no topo da lista de animais ameaçados, e é endêmico do Amazonas, com ocorrência limitada a quatro municípios do Amazonas. Já o sagui-da-serra-escuro só é visto em matas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nesta semana, o Sauim e o sagui dessas fotos viraram notícia. Eles foram nascidos e crescidos naquele centro, e acabam de fazer uma viagem de avião entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Foram levados para o Aeroporto de Guarulhos (SP), de onde seguiram para o Parque Zoológico Municipal de Bauru, em São Paulo. Os dois são machos e viajaram em Avião Solidário da Latam, que oferta transporte gratuito a instituições que trabalham com conservação de espécies silvestres.
Fundado em 1975, o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro é o único do mundo com dedicação exclusiva à conservação da fauna primatológica e desenvolve inclusive programas de reprodução de várias espécies. O transporte foi realizado em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), o que tornou a viagem menos cansativa para os dois animais, já que foi 50% mais rápida do que se o deslocamento fosse feito exclusivamente por via terrestre, o que demandaria umas dez horas de estrada.
Segundo a Latam, o programa Avião Solidário existe há onze anos e já transportou 4,6 mil animais . Tem até parcerias com outras instituições que se dedicam à preservação da natureza no Brasil, como Amigos do Bem, Associação Caatinga, Instituto Rodrigo Mendes, Amazone-se e SOS Mata Atlântica. O Avião Solidário trabalha, também, com transporte gratuito de vacinas, cargas e até pessoas. Vida longa para os dois primatas que nasceram em cativeiro e que as espécies se reproduzam em quantidades para que possam ser reintroduzidos à natureza.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Dayse Campista e Zoológico de Guarulhos /Divulgação