Em 1961, ela ganhou o Prêmio Saci, então o mais importante do teatro brasileiro naquela época. Era uma espécie de “Oscar” das artes cênicas do Brasil. A companhia responsável pela montagem era uma das mais consagradas daqueles tempos, a Tônia-Celi-Autran. Ou seja, os atores da peça Lisbela e o Prisioneiro eram ninguém menos que Tônia Carrero (1922-2018) e Paulo Autran (1922-2007). Ainda no século passado, a peça ganhou as telinhas (1993). Depois, chegaria às telonas(2003) e e voltaria aos palcos, tornando-se o trabalho mais popular do escritor Osman Lins (1924-1978). Meu pai, por acaso.
Ariano Suassuna, que havia sido professor de Osman em curso de Artes Dramáticas na Universidade Federal de Pernambuco, orgulhava-se do sucesso de Lisbela e o Prisioneiro, resultante de “um dever de casa que passei para ele”, conforme me disse certa vez o saudoso autor de A Pedra do Reino. Lembro-me do dia em que, no bairro de Casa Amarela – onde morávamos antes da mudança para São Paulo – meu pai e minha mãe arrumavam as malas para viajar ao Rio de Janeiro, onde ele receberia o Saci da premiação. Uma glória.
Ele arrumou terno e gravata. Minha mãe, um vestido preto, justo, e um colar de cristal verde. Nas orelhas, um brinco pingente, com um esmeralda (para combinar com o cristal), cercada de brilhantes. Era o melhor que ela tinha. Joia de família. Antes de ir, ela experimentou o vestido em casa. O zíper deu trabalho para fechar e ela pediu ajuda a ele, para “ver como fica”. Ele fechou o zíper com dificuldade, pois o vestido era justo, e então indagou com o seu ar irônico. “Você quer ser Brigite Bardot?”. Brigite, atriz do cinema francês, era então a estrela mais comentada do cinema no mundo.
Memórias afetivas à parte, o fato é que Lisbela e o Prisioneiro está de volta. E vem para comemorar os cinco anos de atividades da Cobogó das Artes, escola criada por Adriano Portela, e que marca presença no Recife como forma de democratizar o acesso da população a todo tipo de arte. Entre os dias 04, 05 e 05 de agosto, a peça ocupará o palco do Teatro Apolo e deverá lotar a plateia, como sempre ocorre com Lisbela. E também com as outras produções da Cobogó. A peça, aliás, tem um significado especial para a Adriano . É que ele é um estudioso da obra de Osman Lins. “Lisbela é um dos xodós da Casa”, afirma ele, lembrando que foi com o texto que a Cobogó das Artes montou seu primeiro espetáculo, em 2017. “Agora, ganha reedição, para marcar os cinco anos de atividade, repleto de simbolismo”, diz ele, que divide a direção da peça com Rafaela Quintino.
A peça é leve, divertida, engraçada. Lisbela é uma moça apaixonada por cinema, que vive sonhando com os galãs de Hollywood. Ela mora em uma cidade do interior onde, um dia, chega Leleu, um malandro conquistador, pelo qual ela se apaixona. Leleu (que aliás era meu apelido de infância, nome que até hoje sou chamada pelas minhas duas irmãs) no entanto, não é nenhum santo. Leleu envolveu-se no passado com uma mulher casada, e de repente se vê perseguido por um matador por conta do romance proibido. Entre uma trapalhada e outra, é risada para todo lado. Já assisti várias montagens de Lisbela e o Prisioneiro. E assino embaixo da produção da Cobogó das Artes. Vamos?
Abaixo, você confere mais informações sobre Lisbela e o Prisioneiro, Adriano Portela e sua ligação com a obra de Osman Lins, e sobre a Cobogó das Artes.
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Serviço
Evento: Encenação de “Lisbela e o Prisioneiro”
Onde: Teatro Apolo, Rua do Apolo, , Bairro do Recife
Quando: 04, 05 e 06 de agosto
Horário: 19h
Ingressos: R$ 50 e R$ 25
Onde comprar: Já estão disponíveis no sympla.com.br