Entre os anos 70 e 80 do século passado, eles estiveram ameaçados de extinção. Eram recolhidos em rodovias e até em sítios, porque sua carne havia virado artigo de exportação para o Japão. Os jumentos eram exterminados em dó, em um frigorífico localizado região Agreste de Pernambuco. Houve até um congresso, na cidade sertaneja de Petrolina, que findou em carta de protesto contra o extermínio industrial de jumentos, naquela época animais de grande serventia para os sertanejos. Devido à pressão, o abate foi suspenso, sendo substituída pelo de galinhas na Mafisa, que funcionava na cidade de Belo Jardim, a 185 quilômetros do Recife.
Em pouco tempo, os jumentos voltaram a aparecer. Inclusive amarrados em frente das casas do interior, onde eram muito utilizados para o transporte do homem da caatinga. Com o advento das motos que hoje singram o Sertão, os bichinhos foram abandonados à própria sorte. No Rio Grande do Norte, há algum tempo, um jumento valia menos do que uma corda de caranguejo. Pois o jumento, é o eixo central da série documental Na Contramão, que começa a ser exibida a partir de hoje, na TV Pernambuco (Canal 46). A série foi produzida em parceria pela Rima Cultural e a REC Produtores, tem direção de Marcelo Pinheiro e fotografia de Ivanildo Machado. E é dividida em três episódios de 26 minutos cada. As imagens foram gravadas no interior de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia.
Anote aí os dias e horários: quarta-feira (12) e também nos dias 13 e 14 de dezembro, às 20h15, na TV Pernambuco. Marcelo conta que a ideia do documentário surgiu há algum tempo em suas viagens pelo interior. “Justamente nas estradas do Sertão é comum observar jumentos mortos, atropelados, às margens das rodovias”. E indaga: “Por que seriam eles as vítimas mais usuais destes acidentes? Viveriam soltos, sem donos, sem cercas? As perguntas nos levaram a várias respostas, algumas delas inesperadas. Não eram apenas as motocicletas, de um semiárido sobre rodas, que afetavam as vidas – e, indiretamente, causavam as mortes – dos animais”, diz.
Além dos episódios na TV, Na Contramão ganhará uma versão em jogo digital, produzida pela empresa pernambucana Kokku Games. Voltado para o público infantil (8 a 12 anos), o Donkey Blast – Na Contramão traz detalhes sobre o jumento e seus hábitos, a partir da interação da garotada com filhotes virtuais. A ideia é fazer com que os pequenos conheçam mais sobre o jumento e seus hábitos, disputando fases em cinco cenários diferentes (fazenda, praia, cidade, estrada e sertão). No total, são 100 etapas. Viva o jegue, pois, que já rendeu até enredo de escola de samba, no Rio de Janeiro. Afinal, o jumento é nosso irmão. I love jegue.
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Divulgação