Instituto Arqueológico: na semana da Data Magna, que tal revisitar Frei Caneca e o Leão Coroado?

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Sinceramente, fico muito feliz com o interesse diferenciado do leitor do #OxeRecife. Se eu noticiar um fato policial, passa batido. Mas basta publicar um post sobre bem cultural ameaçado ou um casarão demolido, para o pipoco acontecer. Foi o que ocorreu na semana que passou. A notícia de que o Parque dos Lanceiros, em Nazaré da Mata, poderia ser demolido foi a que rendeu o maior número de comentários, na história do Blog. Despertou reações imediatas, sendo 99 por cento contra a medida anunciada pela Prefeitura daquela cidade, localizada a 65 quilômetros do Recife. Já a postagem sobre destruição de um chalé secular, na Estrada do Encanamento, Zona Norte do Recife, terminou sendo a campeã de acessos da semana em uma das redes sociais do Blog.  Mesmo sem nenhum impulsionamento.

Armas de fogo (incluindo canhão) e armas brancas (como a espada do “Leão Coroado”) integram o Museu do IAHGP

E já que essa turma que me segue gosta de bens culturais e de história, uma dica para quem for ao centro, nesta semana ou na próxima, assistir algum espetáculo no Teatro do Parque. Que tal chegar um pouco mais cedo, atravessar a rua e conhecer o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano? O IAHGP completou  161 anos de atuação no Estado, e tem um interessante acervo a mostrar. Há muita gente que passa por sua calçada, na Rua do Hospício, no Bairro da Boa Vista, e mal sabe de sua existência. E também da importância do seu acervo, que abriga até mesmo a espada do famoso Leão Coroado, como passou a ser chamado o valente Capitão José Barros de Lima (1784-1817). Para os que não lembram, ele foi o estopim da revolução de 1817, ao reagir à ordem de prisão, matando seu superior português (Barbosa de Castro) com a arma branca.  Pagou sua “subversão” com a vida.

Mobiliário dos casarões urbanos e rurais, além de tipógrafo, podem ser observados no IAHGP, na Rua do Hospício

Fundado em 1862, o IAHGP vem a ser a segunda instituição dedicada à história no país, depois apenas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Durante mais de um século, o Instituo atuou como arquivo público e foi o centro produtor de conhecimento histórico mais importante do Estado. Possui até uma uma revista, que circula desde 1863. Ele abriga também o museu mais antigo do Brasil em funcionamento. O patrimônio do IAHGP é dividido em três grandes áreas: museológica, documental e bibliográfica-hemeroteca. Sua biblioteca contém cerca de 25 mil volumes editados entre os séculos 17 e 21 nas áreas de história, geografia, sociologia, literatura, política, arte, arqueologia, engenharia, arquitetura e antropologia. Isso sem falar na grande quantidade de obras de ficção e de periódicos editados no Brasil e em vários outros países.

Algumas peças que indicam como era feito o transporte no passado precisam de restauro.

Já a hemeroteca contém periódicos pernambucanos dos séculos 19 e 20, encadernados em vários volumes. Um destaque é o exemplar do ‘Typhis Pernambucano’, editado por Frei Caneca (1779-1825), no início do século XIX. Há também exemplares do jornal ‘Diário Novo’, onde foi retratada boa parte da história da Revolução Praieira, de 1848. Mas o que chama mesmo a atenção do visitante mais apressado é o acervo museológico do IAHGP. Que é bastante diverso e reúne telas e retratos de figuras importantes da história de Pernambuco, além de uma vasta coleção de objetos decorativos e utilitários pertencentes às antigas famílias pernambucanas, como aparelhos de jantar, pratarias, vestuário e objetos pessoais em geral. Há peças de mobiliário de casas urbanas e rurais, que traçam um interessante perfil da sociedade pernambucana dos séculos passados.

Versão mais sofisticada do transporte dos aristocratas nos séculos passados em Pernambuco

Umas das peças mais importantes do acervo é o marco divisório das capitanias de Pernambuco e Itamaracá, assentado pelo primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, em 1535.  Os armamentos antigos também ganham destaque, reunindo armas brancas (como a do Leão Coroado) e de fogo que pertenceram a figuras importantes da história do estado ou que foram utilizadas em batalhas decisivas da formação da nacionalidade e nos muitos movimentos revolucionários pernambucanos. Entre elas destaca-se o canhão de bronze de origem holandesa, pertencente a Companhia das Índias Ocidentais, fundido em Amsterdã, em 1629. 

O IAHGP é presidido por Margarida Cantarelli, que teve uma atuação excelente, como presidente da Academia Pernambucana de Letras (recuperando seu patrimônio físico) e deve fazer o mesmo no IAHGP. O museu encontra-se aberto para a visitação pública de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 16h. E, aos sábados, das 8h às 12h. Pesquisadores e estudantes podem ter acesso a diversos documentos históricos do Estado com atendimento presencial exclusivamente aos sábados ou consultas através do e-mail arqueologico@iahgp.org. Os ingressos são baratinhos: R$2,00. Grupos escolares devem fazer agendamento prévio.

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Serviço
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano
Onde: Rua do Hospício, 130, Boa Vista
Entrada: R$ 2
Telefone: (81) 3222-4952.
Visitação: Segunda a sexta-feira: 9h às 12h e 14h às 16h. Sábados: 8h às 12h.
Instagram: instituto_arqueologico

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Keila Castro / IAHGP

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