Instituto Arqueológico e Cepe lançam coleção que aborda revoluções, padres guerreiros e mártires

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A Data Magna, que assinala os 206 anos da Revolução Republicana de 1817, não vai passar em branco no estado. Ao contrário. Vai ser lembrada em grande estilo, com esforço maior pela preservação da nossa memória. E melhor conhecimento da nossa história. É que o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (foto acima) e a Cepe (Companhia Editora de Pernambuco) estão anunciando os primeiros títulos da Coleção IAHGP, que chega às livrarias nesta segunda-feira, 6 de março. São quatro livros que retratam um período relevante da nossa história. E que, no entanto, estavam esgotados. Eles trazem abordagens sobre o clero na revolução republicana de 1817, a escravidão no processo revolucionário e os principais personagens de revoltas nos séculos 18 e 19. Embora já estejam à venda, eles serão alvo de evento de lançamento no próximo dia 20, às 19h, na Academia Pernambucana de Letras (APL).

Os primeiros quatro títulos da Coleção IAHGP são: O Brasil Heroico em 1817 (Alípio Bandeira); Os Mártires pernambucanos (Joaquim Dias Martins); Os padres e a Teologia da Ilustração (Antônio Jorge Siqueira) e Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo no Recife (Marcos Carvalho). De acordo com o historiador  George Cabral,  que  faz a apresentação das obras, a coleção nasceu inspirada no contexto das comemorações pelo bicentenário da Revolução Pernambucana de 1817. Por essa razão, os primeiros livros mantêm ligação com a época. “Mas a ideia é agregar novos títulos da história de Pernambuco, com a produção clássica, textos mais recentes e documentos históricos”, declara ele, que é professor na Universidade Federal de Pernambuco e sócio do IAHGP.

Livros chegam às livrarias hoje, mas serão solenemente lançados na Academia Pernambucana de Letras no  dia 20

Veja do que tratam tão importantes títulos para o melhor conhecimento da nossa história, que chegam hoje às livrarias, mas que serão lançados na sede da APL, no Bairro das Graças, às 19h do próximo dia 20.

O Brasil Heroico em 1817, de Alípio Bandeira (1873-1939), ganha segunda impressão pela Cepe 105 anos depois de ter sido lançado. A obra com exemplares disputados em leilões, relata a história da insurreição de 1817, com capítulos dedicados a heróis e mártires, como Padre José Ignacio Ribeiro de Abreu e Lima (1768 – 1818), Domingos José Martins (1781 – 1817) e Domingos Teotônio Jorge (?-1817). O autor nasceu em Mossoró (RN), seguiu a carreira militar e tem uma bela história. É que, como inspetor do Serviço de Proteção aos Índios (SPI, precursor da Funai), atuou no Norte e Nordeste, trabalhando com o marechal Cândido Rondon (1865-1958). Em livros e artigos, denunciou o genocídio dos povos indígenas impulsionado por governos e expedições militares. Na primeira edição do livro, Alípio Bandeira pediu à Imprensa Nacional que o resultado das vendas fosse revertido em benefício dos indígenas.

Mártires Pernambucanos: vítimas da liberdade nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817 é um dicionário biográfico de nossos heróis, assinado pelo padre português Joaquim Dias Martins. A primeira edição, de 1853, foi publicada por  Felipe Lopes Neto, um dos líderes da Revolução de 1848 (Praieira). A obra é considerada por historiadores “como manual do pernambucano revolucionário e importante fonte de informação para a história do movimento de 1817”. Sobretudo pelo fato de o autor ter consultado fontes já desaparecidas.  A nova edição traz dados biográficos de 628 personagens da Guerra dos Mascates (1710- 1711) e da Revolução de 1817, em forma de verbetes, agrupados em dois blocos correspondentes aos dois acontecimentos. Ou seja, uma fonte – e tanto – para pesquisadores. “Prato cheio” até  para mim, pois adoro HISTÓRIA, assim mesmo, com H maiúsculo.

Os Padres e a Teologia da IlustraçãoFruto da tese de doutorado em História Social defendida em 1981 pelo historiador e professor Antônio Jorge Siqueira, Os Padres e a Teologia da Ilustração é um dos mais robustos estudos sobre a participação do clero no movimento revolucionário. Fundamentado por vasta pesquisa documental em acervos portugueses e brasileiros, foi lançado há 14 anos pela Editora Universitária da UFPE.  Primeiro movimento anticolonial que rompeu com a dominação portuguesa, instaurando no Brasil uma república independente por 74 dias, a Revolução Pernambucana entrou para a história também conhecida como a Revolução dos Padres em razão  do engajamento de religiosos das mais diversas ordens eclesiásticas e níveis hierárquicos. O livro tem 223 páginas. E dedica capítulos à atuação do clero em Pernambuco e ao envolvimento de sacerdotes na luta armada. Cerca de 70 religiosos, segundo o autor, atuaram como soldados, comandantes de tropas e emissários, além de compor o governo provisório.

Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo no Recife (1822-1850) foi lançado originalmente pela Editora Universitária da UFPE, em 1998. O livro, de autoria do professor de história na Universidade Federal de Pernambuco Marcus Carvalho, tem 248 páginas, está dividido em três partes e traz uma análise profunda sobre a escravidão na primeira metade do século 19. O historiador apresenta o Recife da época, identifica os grandes traficantes de escravos que atuavam no comércio entre a África e Pernambuco e relata as formas de resistência dos escravizados. Para Marcus Carvalho, uma das grandes contribuições do livro é destacar o conceito de liberdade como sinônimo de pertencimento. “No mundo contemporâneo, liberdade é interpretada como autonomia e nem sempre foi assim. Quanto mais você recua no tempo, vai perceber que liberdade significa pertencimento, é viver numa comunidade que te acolhe, é sentir que você faz parte do grupo, é compartilhar de direitos”, afirma. Os livros custam
R$ 50 (impresso) e R$ 20 (e-book)

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife

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