Icônico pela sua árvore sagrada, Jardim do Baobá fica mais colorido com painéis de artistas mulheres

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O Jardim do Baobá é um case de sucesso. Tendo como principal atração a árvore mágica e ancestral, virou um local de encontro, de diversão e até de contemplação do nosso infelizmente tão poluído Rio Capibaribe. Dali, também, partem embarcações que dão oportunidade à população de conhecer um outro lado do Recife: aquele em meio aos manguezais e sob as pontes. Bastam um sábado ou um domingo de sol, para o Jardim se encher de famílias, casais, crianças, que vão lá curtir a natureza e observar a árvore gigante que, no século passado,  chegou a ser condenado por conta de uma obra na calha do Capibaribe. Por pouco, escapou de ser vítima de arboricídio.

Graças a Deus, livrou-se da motosserra insana. Venceu o clamor popular, a mobilização contra a degola e a árvore poderosa sobreviveu. No entanto, passou décadas esquecida em um terreno baldio, próximo à Ponte D´Uchoa, no Bairro das Graças. Hoje ela é a estrela do Jardim do Baobá, a quem emprestou o nome. O Jardim, aliás, é revestido de simbolismo, porque foi o primeiro passo para a implantação do chamado Parque Capibaribe, intervenção que pretende transformar o Recife em uma cidade jardim, até 2035, quando a capital completa 400 anos. O Jardim vem sendo palco de comemorações de aniversários, batizados, confraternizações e até mesmo para reuniões de trabalho de algumas empresas. Também é muito usado como cenário para álbum de fotografias de jovens noivos. E viva o baobá, com sua natureza misteriosa e agregadora!

Três artistas acabam de colorir os muros do Jardim do Baobá, no Bairro das Graças, que está bem  mais alegre

Agora o Jardim do Baobá, que fica no bairro das Graças, ganhou mais um atrativo, por iniciativa da Secretaria Executiva de Inovação Urbana do Recife. É que o local está mais colorido. Porém não é que seus canteiros  estejam mais floridos. É que o Jardim do Baobá acaba de ganhar três painéis de arte urbana, todos pintados por mulheres: Dani Acioli, Thaysa Aussuba e Alexsandra Ribeiro, dentro do Programa Colorindo o Recife, que faz grafitagem em parques, pontes e outras áreas da cidade.

O programa é realizado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Inovação Urbana. E tem como objetivo promover a requalificação dos espaços urbanos da cidade através da grafitagem. “Costumo entender a natureza como parte de mim e eu dela. O baobá é uma árvore milenar e respeitar o tempo das coisas é de uma sabedoria e aprendizado constantes”, diz Dani Acioly. A artista propõe exaltar o baobá, mostrando o respeito ao tempo das coisas. A arte feita no jardim também exalta a natureza e o sagrado feminino, a vegetação do Parque Capibaribe, pássaros e figuras de mulher.  Já Alexsandra Ribeiro afirma que a ideia foi trazer a ligação ancestral do presente com o passado, com a figura de duas mulheres.

Árvore mágica e sagrada, o baobá é a principal atração do Jardim ao qual empresta o nome. Diversão no bairro das Graças

“Uma olhando para o futuro, segurando um baobá como forma de olhar para o que está por vir, como esperança de dias melhores, e outra olhando para o presente, retratando como temos que viver e construir o hoje”, explica a Alexsandra. Thaysa Aussuba afirma que a arte do mural nasce a partir da água, que é armazenada dentro do baobá como tecnologia dos povos ancestrais, exaltando esse elemento enquanto nascimento, saber, sensibilidade e fluidez. Ligada à água está uma personagem com tranças de gotículas e, na parte superior da arte, foi criado um céu inspirado na padronagem do tecido de chita, elemento que simboliza o regional.

Ao centro, a frase “O futuro é ancestral” de autoria de Katiúscia Ribeiro e Ailton Krenak, com intuito de mostrar que não se  pode olhar para o futuro esquecendo os saberes antigos. Todos os painéis que hoje formam uma galeria de arte no local, à beira do Rio Capibaribe, são realizados por mulheres. O espaço já contava com um painel realizado pela artista Priscila Lins. O acesso ao Jardim do Baobá pode ser feito pelas ruas Madre Loyola e Antônio Celso Uchôa Cavalcanti, na altura da Estação Ponte D’Uchôa. No Recife, há painéis de artistas mulheres  também nas seguintes localidades: Alto Nossa Senhora de Fátima (bairro do Vasco da Gama), na Praça do Pilar (Bairro do Recife), Sesc Casa Amarela (bairro da Mangabeira,  na Praça do Padre (em Santo Amaro).

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Uenni/PCR

 

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