Quem nunca cobriu as bananas da fruteira para evitar que os morcegos venham roer os frutos à noite? Sei de pessoas que precisaram tomar a iniciativa tanto em casas como em décimo sétimo andar de edifício. Quem nunca se defrontou com um timbu (gambá) ou um sagui (ou saguim) em sua residência? Quem nunca deixou de ter o maior cuidado para evitar prejudicar o ninho que a sabiá fez na varanda? Quem nunca viu uma preguiça desgarrada e perdida em áreas distantes das matas? Quem nunca se surpreendeu com um jacaré no asfalto? E com um cururu dentro de casa? E quem nunca foi “roubado” por um carcará, ao colocar a carne para descongelar na varanda de um edifício? Todas essas cenas são comuns no Recife.
Esses animais não são domésticos. Claro, são silvestres. Mas com a destruição das nossas matas, eles estão a cada dia mais perto de nós. Até mesmo as capivaras deram para aparecer em áreas urbanizadas, como o bairro das Graças onde elas marcam presença no Jardim do Baobá e já foram vistas até passeando pelas calçadas do bairro da Jaqueira e também de Boa Viagem. Cada animal – seja um morcego, um pássaro, uma libélula, um timbu – tem sua função na natureza. E por mais perto que esteja de nós, temos que respeitá-los. Entre os dias 21 e 26 de setembro comemora-se a Semana da Fauna aqui em Pernambuco. E os bichos urbanos estão na pauta de discussões.
No entanto, a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) avisam que, devido à pandemia, as atividades serão só virtuais em 2020. Ao longo da semana, o #OxeRecife – que a-d-o-r-a a natureza – também abordará a sua experiência com casos curiosos de fauna urbana, com foco para o bairro de Apipucos (Zona Norte do Recife), onde reside a titular do Blog. Esse timbuzinho da foto, por exemplo, era figura frequente aqui na rua. Chegou a invadir algumas cozinhas, mas teve um final trágico, que eu contarei no decorrer da Semana da Fauna. Lembrem-se, não confundir timbu com gabiru. Tem muita gente que pensa que o marsupial é um rato grande. Não é.
A Semana da Fauna inicia na segunda-feira (21) com a divulgação do vídeo Fauna Livre, projeto de Educação Ambiental da Cprh. Curiosidades e informações educativas sobre animais silvestres foram criadas, especialmente para serem divulgadas na programação. Na terça-feira, o vídeo Papagaio da Caatinga vai mostrar a importância do premiado projeto que completou dez anos de criação em 2020. E que já devolveu à natureza mais de 400 aves da espécie. Pelo seu jeito falante e engraçado, o papagaio é sonho de consumo de muito morador urbano. E há quem os tenha como animais de estimação, o que contribuiu para colocar a espécie em risco.
A programação inclui ainda duas lives: Fauna urbana, problemas e soluções. Essa, com certeza, interessa aos moradores da nossa cidade, que se defrontam com a aproximação cada vez maior de animais silvestres. A live deve ser bem interessante. E ocorre na terça-feira, às 16h, com a participação dos servidores Yuri Marinho e Iran Vasconcelos (da Cprh) e do responsável da ONG Trilogiabio, André Maia. Ele é colaborador da Cprh e resgata animais silvestres para fazer entrega na Cprh. Na quinta-feira, será a vez da equipe do Parque Estadual de Dois Irmãos. Com mediação da servidora Joice Brito (CPRH), participam da live os servidores Márcio Silva e Leonardo César de Oliveira Melo (Parque Dois Irmãos) e a professora Maria Adélia Oliveira Cruz (Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFPE).O assunto será A importância do zoológico para preservação da fauna silvestre. As lives serão transmitidas pelos canais do YouTube e nas páginas do Facebook da Semas e da CPRH.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife