Estátua de Ariano no chão. Vandalismo dá prejuízo anual de R$ 2 milhões

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A-B-S-U-R-D-0! O Recife é uma terra de vândalos. Infelizmente. Se há aqueles que formam grupos para curtir a cidade através de caminhadas – Olha! Recife, Caminhadas Domingueiras, MeninXs na Rua, Andarapé, Preservar Pernambuco, Bora Preservar – há, também, os que só se preocupam em destruir. Pode ser uma estação de ônibus ou uma obra de arte. E o vandalismo tanto pode ser destruir (quebrar, derrubar como ocorre com estátuas do Circuito da Poesia) quanto pichar (como foi visto com as deusas da Praça do Derby). O vandalismo mais recente apareceu na manhã de hoje, com a estátua do escritor Ariano Suassuna (2027-2014). A escultura, que fica na Rua da Aurora –  está jogada jogada no chão, em frente ao Teatro Arraial.

O poeta Ascenso Ferreira (no Cais da Alfândega) e o cantor Luiz Gonzaga (na Praça Visconde de Mauá) também já sofreram ação de vândalos. O primeiro teve o rosto quebrado e outras partes do corpo atingidos por pedradas. Já Luiz Gonzaga sofreu uma agressão nas pernas, tombando de frente por cima de sua sanfona. Os atos de vandalismo rendem sérios prejuízos aos cofres públicos que são abastecidos com o meu, o seu, o nosso dinheiro (através de impostos). Segundo a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb)  as despesas com reparos em equipamentos públicos danificados por gente sem alma nem noção chegam a R$ 2 milhões anuais. “Esse montante daria para construir duas upinhas por ano”, afirma a Emlurb. O dinheiro também poderia servir uma escola padrão ou duas creches.

Ou seja, a própria população é quem perde com isso. “A depredação e o vandalismo são um grave problema que a Prefeitura do Recife combate o ano inteiro”, alega a Emlurb. Mas, quem sabe, se câmeras e um bom sistema de monitoramento não dariam condições aos órgãos públicos de pegar os infratores em tempo real? No flagra? A Emlurb informou na manhã de hoje que vai enviar uma equipe ao local “ para verificar a extensão e analisar a melhor maneira de reparar o equipamento”. Há os vândalos e há, também, a omissão do poder público quanto ao patrimônio da cidade. E o Parque das Esculturas do artista Francisco Brennand, em frente ao Marco Zero é apenas um exemplo disso. Do que se abandona, pouco se cuida. Em Olinda, recentemente, um “engraçadinho” quebrou o secular Cruzeiro que havia em frente à Igreja da Sé. Ele subiu na cruz, que ruiu. O gaiato quebrou a perna e foi parar no hospital. De onde devia sair preso e cumprir pena alternativa trabalhando na limpeza dos monumentos da cidade. E também devia ser obrigado a estudar a importância histórica de cada um deles.

Durante o Fórum Recife Arte Pública, fiz caminhada ao lado de Demetrio Albuquerque, escultor das estátuas do Circuito da Poesia, incluindo a de Ariano, que foi vandalizada.

No Recife, as esculturas que integram o Circuito da Poesia foram esculpidas pelo artista Demétrio Albuquerque. Elas imortalizam nomes importantes do meio artístico em Pernambuco e estão distribuídas por diversos locais do centro.  Entre eles: Praça Visconde de Mauá (Luiz Gonzaga), Rua do Bom  Jesus (Antônio Maria), Ponte Maurício de Nassau (Joaquim Cardoso), Rua do Sol (Capiba), Praça da Independência (Carlos Pena Filho), Rua da Aurora (João Cabral, Manuel Bandeira, Ariano Suassuna), Praça Maciel Pinheiro (Clarice Lispector), Mauro Mota (Praça do Sebo), Rua da Moeda (Chico Science), Pátio de São Pedro (Solano Trindade), Marco Zero (Naná Vasconcelos). Um mapeamento realizado no projeto Recife Arte Pública, em 2019, mapeou cem obras de arte espalhadas nas ruas do Recife, entre murais e esculturas. Destas, 51 ficam no centro.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: redes sociais / Internet

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