Com tanta notícia ruim – pandemia no mundo, políticos bandidos em Brasília, poluição provocada pela Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco – nada como fazer uma pausa para um refresco da natureza. Vejam só que coisa linda, esse pássaro conhecido como beija-flor bandeirinha (Discosura longicaudus), que vive naquela que foi a primeira unidade de conservação criada em Pernambuco: a Estação Ecológica (Esec) de Caetés, que completou hoje 29 anos.
Então, nada como assinalar a data, com o registro de uma bela ave, que tanta leveza dá ao nosso dia a dia, tão carregado de assuntos pesados. No caso desse colibri, registrado em foto pelo pesquisador Marlos Menezes, o nome tem a ver com a grande elegância do seu pequeno porte. “Podemos observar que a ponta da cauda do beija-flor tem o formato de bandeirola, daí ele ser conhecido como bandeirinha”, conta Sandra Cavalcanti, gestora da Esec e à qual se dedica desde sua criação. Na Esec até o momento já foram registradas 217 espécies de aves, incluindo o raro pintor verdadeiro e o coroa-de-frade. O nome lembra uma conhecida espécie de cactácea, mas há um pássaro assim conhecido pelo nome popular.
A Esec resulta de mobilização da comunidade, pois a área remanescente de Mata Atlântica por pouco não se transforma em aterro sanitário. Porém esse ano, a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) detectou risco de explosão na estação ecológica por causa de lixo descartado indevidamente no local. Dá para entender? Depois de tanta luta, acontecer isso? Para evitar acidentes e também conscientizar a comunidade, a Cprh conta com a dedicação de uma equipe de profissionais que cuida da gestão, interage com a comunidade do entorno, trabalha com parceiros de diferentes segmentos sociais e orienta pesquisadores que estão sempre interessados em conhecer cientificamente a fauna e a flora de Esec. E tem mais, todos os trabalhos científicos sobre a Esec são apresentados não só no mundo acadêmico, mas à comunidade do entorno.
A imagem do pesquisador Marlos Menezes foi feita para a pesquisa Interações entre plantas e beija-flores em um fragmento de Floresta Atlântica, na Esec Caetés, desenvolvida por Rebeca Dias, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Na Estação, há animais mamíferos como saguis, bicho-preguiça e duas espécies de tamanduá. Entre o patrimônio verde, destacam-se árvores coo copiúba, ibiriba, pau-brasil, visgueiro e ipês, que correram o risco de serem eliminadas do mapa, para dar lugar ao lixão, que felizmente foi embargado depois da mobilização da comunidade e ambientalistas. Não são permitidas trilhas na Esec, mas a área receber visitas com finalidade de educação ambiental e conservacionista e também para pesquisas científicas. A Esec fica no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
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Texto : Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh / Divulgação