Embalagens tóxicas envenenam a Mata

Como se não bastassem os agrotóxicos que contaminam os nossos alimentos e colocam em risco a nossa saúde quando os ingerimos, há um outro problema que prejudica em dobro o meio ambiente. É que após o uso, muitas propriedades rurais fazem descarte indevido de embalagens de defensivos agrícolas. Elas ficam jogadas entre canaviais, hortas e fazendas, espalhando por muito tempo o seu veneno no ar, no solo, nos rios. E haja poluição.

Semana passada, produtores da Zona da Mata Norte deflagraram a quarta edição da campanha Campo Limpo, com o objetivo de evitar que as embalagens descartadas em questão contaminem a sua, a minha, a nossa natureza. Oito toneladas de embalagens tóxicas foram retiradas de engenhos. A iniciativa foi da Associação de Fornecedores de Cana de Pernambuco, em parceria com a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária e Associação de Revendedores de Produtos Agropecuários. Todo o material coletado foi entregue na Usina Coaf/Cruangi, que fica em Timbaúba, a 98 quilômetros do Recife.

Antes da entrega, os plantadores de cana foram orientados a fazer tríplice lavagem das embalagens e depois furá-las, como recomendam os órgãos especializados. De acordo com a Cruangi, 120 plantadores de cana fizeram entregas. A iniciativa é muito válida. Mas nós, do #OxeRecife somos contra o uso de agrotóxicos. Sabemos os danos que provocam.  E dois filmes recentemente exibidos no Cinema do Museu abordaram com contundência a questão. Recomendo para quem não assistiu: Terra Vermelha e Amanhã. Ambos fazem convite  à reflexão quanto ao destino da humanidade diante desses exageros que nos impõem a civilização contemporânea.

Há países que não usam mais venenos na agricultura. E no Brasil, ainda se utiliza alguns que são vetados na Europa e mesmo nos Estados Unidos. Em todo caso, a iniciativa da Coaf/Cruangi é válida demais. Melhor do que nada. Mais se Pernambuco tem cerca de 5 mil engenhos, os 120 plantadores que participaram da campanha ainda representam muito pouco, para o tamanho do problema ambiental que provocam os agrotóxicos jogados nos canaviais. Ao todo, cinco carretas foram preenchidas com o material recolhido que ficaria no campo, envenenando ar, terrá, água.

Depois, a carga foi levada para a Associação dos Revendedores de Produtos Agropecuários (Arpan), em Carpina, de onde seguirá para uma fábrica de reciclagem no região Sudeste do Brasil, transformando-se em novos produtos para uso, como material elétrico, carcaça de bateria e outros utensílios. “A campanha foi um sucesso e decidimos que vamos fazê-la todo ano sempre entre os meses de julho e agosto”, promete Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP e da Coaf. Antes a Campo Limpo ocorria a cada dois anos. Todo o trabalho foi orientado e  incentivado pela Agência Estadual de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro).

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: AFCP / Divulgação

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