“Curupira” é invocado para proteção aos animais silvestres no Agreste

É maldade demais. Além de submeter animais silvestres ao cativeiro – o que é um crime contra o direito de liberdade das espécies – quem vive do tráfico de mamíferos e aves não tem mesmo dó. O que a gente mais vê na crônica policial é a ocorrência de animais traficados em condições precárias, em cargas que quando chegam ao destino final, há mais mortos do que vivos. Principalmente os pássaros, que são delicados e  que no Brasil são o alvo principal dos traficantes.

No final de semana, a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) desencadeou a segunda  fase da Operação Despertar do Curupira. O nome da ação é inspirado no personagem do folclore brasileiro, tido como protetor das florestas e que nelas entra para impedir a derrubada das árvores. A Operação, que teve o objetivo de coibir a caça, o comércio e  a posse ilegal de animais silvestres ocorreu na Área de Proteção Ambiental (APA) Serras e Brejos do Capibaribe. A Apa fica nos  municípios de Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus,  no Agreste de Pernambuco. Foram resgatados  66 animais silvestres criados ilegalmente, inclusive quatro  jandaias, espécie ameaçada de extinção. Foram lavrados 16 autos de infração, que geraram o valor total de   R$ 36 mil de multas.

Além de aves silvestres, Operação Curupira apreende armas, inclusive soca-soca, muito usada para abater passarinhos.

Antes da Operação, foram realizadas campanhas educativas, na tentativa de conscientizar a população sobre a prática criminosa da criação ilegal de animais silvestres. “Criar animais silvestres ilegalmente é uma ação nociva aos animais. Um crime ambiental, passível de multa”, afirma Cosme Castro Júnior, Chefe do Setor de Administração das Unidades de Conservação da CPRH.  Os animais resgatados foram encaminhados para o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetras Tangara) administrado pela CPRH.  A operação contou com a participação de agentes da Delegacia do Meio Ambiente (Depoma), da Companhia Independente do Meio Ambiente (Cipoma) e do 24° Batalhão de Polícia local do município de Brejo da Madre de Deus.

Além do resgate das aves, foram apreendidas 16 armadilhas; três espingardas de calibre 36 – com 50 munições carregadas e 112 deflagradas e três espingardas tipo soca-soca (muito usada por caçadores e também para abater passarinhos). A primeira fase da Operação foi realizada em fevereiro de 2022, no município de Brejo da Madre de Deus,  a 204 quilômetros do Recife. Na ocasião, foram resgatados do cativeiro  80 animais silvestres e aplicadas multas no valor total de R$ 22 mil, aos  infratores. “Gostaríamos muito que a população entendesse a importância dos animais silvestres, para o equilíbrio ambiental”, enfatiza Cosme Júnior. Infelizmente no nosso estado, principalmente no interior, ainda se cultiva a cultura de passarinho na gaiola, o que é um absurdo pois cada animal “roubado” do seu ambiente, deixa de cumprir o seu papel na natureza. Precisamos, portanto que operações como essa sejam mais assíduas. O Curupira agradece.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / CPRH

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