Confusões no Litoral Sul, onde ficam praias paradisíacas em Pernambuco e alguns dos destinos turísticos mais procurados do país. Primeiro, os ambientalistas reclamaram do risco da praia de Porto de Galinhas transformar-se em uma Boa Viagem, caso não fosse logo imposto um limite ao gabarito dos prédios e hotéis que lá estão sendo edificados. Com a conivência ou omissão de órgãos oficiais – tanto estaduais como municipais – a bagunça estava grande. O assunto até motivou reunião com a presença do Ministério Público e ainda está em discussão.
Porto de Galinhas fica em Ipojuca, município localizado a 57 quilômetros do Recife. Além de Porto de Galinhas, Ipojuca tem praias maravilhosas como Maracaípe e Serrambi. Nesta última, a confusão agora é por conta da Associação Enseadinha, que vai entrar na Justiça para barrar a construção de um resort em uma região onde “os empreendimentos invadem um espaço considerável de mangue”, inclusive no interior “de uma Área de Proteção Ambiental (APA) e em um loteamento no qual só é permitido construir residências unifamiliar”.

“O Loteamento Enseadinha nasceu e foi registrado no ano de 1989. Com o tamanho pré-definido desde a sua origem, o local tem formações de áreas verdes, de mangue, de preservação ambiental proporcionando uma convivência harmoniosa entre os usuários e o campo natural de suas preservações. No local, por exemplo, há uma vida marinha diversificada com a preservação do cavalo marinho e as desovas das tartarugas nas praias dessa área ao longo dos 12 meses do ano”, informa.
“Por ter se preocupado em sua preservação e respeito às convivências, Enseadinha se valorizou em relação a outras áreas que foram previamente degradadas no Litoral Sul e Norte do Estado, a exemplo de Muro Alto, Porto de Galinhas, Tamandaré, Itamaracá e Maria Farinha”. A Associação acusa edificações cujos projetos ”ignoram completamente o meio ambiente e não possuem licenciamento ambiental, já que a construção invade uma área de preservação”. A Associação informa que empreendimento que avança pelo manguezal, em “área protegida por lei” com “danos ambientais permanentes”. Ninguém é contra o desenvolvimento.
Mas é preciso que se respeite a natureza. Caso contrário, a natureza cobra o que é dela e o desastre um dia acontece. E os desastres ambientais que pipocam no país são a prova disso. Em Pernambuco, avanços do mar são registrados não só no Litoral Sul como também no Litoral Norte. Outra interferência que provoca temor em uma ilha que lembra um paraíso. O Fórum Suape entrou com representação no Ministério Público Federal agora em fevereiro com o objetivo de barrar projeto de implantação de um terminal de minérios na Ilha de Cocaia, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho, vizinho a Ipojuca.
De acordo com o Fórum, a iniciativa não só colocaria o meio ambiente em risco, como estaria ameaçando a sobrevivência de 300 famílias que vivem da pesca tradicional, cerca de 1.500 pessoas. Só que agora a culpa não é atribuída à iniciativa privada. Pois a proposta é do Ministério da Infraestrutura, e conta com apoio do Governo de Pernambuco que, ao longo dos anos, destruiu manguezais nativos para implantação do Polo Industrial Portuário de Suape, ao qual é atribuído inclusive o aumento de ataques de tubarões na costa pernambucana.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fórum Suape e Cprh (Acervo #OxeRecife)