Famoso pelo sua rápida reprodução e pelo poder de dispersão, o coral-sol (Tubastraea spp), começa a se espalhar no nosso Litoral, colocando em risco os corais nativos. Na segunda-feira (14/6), acontece a primeira expedição com mergulhadores para começar a fazer a remoção da praga que veio do Pacífico Sul, e que vem criando colônias cada vez maiores no Litoral do nosso estado. Digo “praga” porque ele pode ser muito bom lá pelo Arquipélago de Figi, de onde veio. Mas no Nordeste brasileiro, faz um estrago. Pois pode acabar com os nativos, bem mais frágeis do que o invasor. A retirada do coral-sol foi um dos assuntos discutidos durante encontros em comemoração à Semana do Meio Ambiente.
A expedição é fruto de parceria com duas universidades (UPE, UFRPE): duas empresas privadas (Syrien Dive, Abssal Mergulho); Projeto de Conservação Recifal – PCR e o Corpo de Bombeiro de Pernambuco. A ação é patrocinada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco. Ao todo, 20 mergulhadores e pesquisadores vão participar da expedição rumo ao naufrágio Virgo, distante cinco quilômetros da costa, localizado em frente à cidade do Recife. O barco partirá, às 8h, do Cabanga Iate Clube. O Virgo é um dos que vem sendo invadido pela espécie exótica.
O navio Virgo foi afundado em 2017, e fica a 20 metros de profundidade. Ele está com cerca de 24% de sua área tomada pelo coral-sol, e foi o primeiro a ter presença da espécie invasora identificada pelo ONG PCR. Na atividade, os mergulhadores serão divididos em duas equipes e cada uma atuará em um lado da embarcação. A retirada acontecerá da proa em direção a popa do barco naufragado. Contando os intervalos de descanso e reposição de equipamentos, a operação pode durar até seis horas. Parte do material coletado será encaminhado às universidades e aos pesquisadores parceiros. O restante seguirá para destinação adequada.
Para José Bertotti, secretário da Semas/PE, não resta outra alternativa para garantir o equilíbrio do ecossistema a não ser remover o coral-sol, que tem alto poder de dispersão. “É uma ameaça ao nosso ecossistema recifal nativo, podendo esse animal provocar ainda impactos negativos junto ao turismo subaquático e à pesca artesanal. Por isso, estabelecemos um plano de ação para controlar a presença dessa espécie no litoral continental e oceânico do Estado”. E garante: “São estratégias consistentes elaboradas junto com a academia e a sociedade civil, que agora também contribuem com a execução das iniciativas”. A expedição é a primeira de uma série de cinco já programadas, para “limpar” nos naufrágios contaminados.
Segundo a Semas/PE também serão realizados outros mergulhos para verificação de presença da espécie em novas áreas de naufrágios e em ambientes naturais distribuídos da costa pernambucana, sendo três deles no Arquipélago de Fernando de Noronha, a 541 quilômetros do Recife. “O coral-sol tem uma facilidade de se alojar em casco de navios e materiais artificiais. Então, decidimos fazer uma pesquisa nos pontos mais prováveis em que possam aparecer. Precisamos ainda verificar os recifes naturais e, principalmente, evitar que esses sejam contaminados”, argumenta Bertotti. Até o momento, está prevista a operação de remoção em quatro outros naufrágios: Walsa, Bellatrix, São José, Phoenix. Na etapa de monitoramento, o plano contempla a realização de mais campanhas de mergulho, além de um reforço na comunicação com as autoridades portuárias, mergulhadores profissionais, pescadores e instituições que atuam em ambientes recifais.
Os vetores de introdução do coral-sol exótico e invasor, estão relacionados à plataforma e outras estruturas da exploração de petróleo. Porém os navios também são tidos como vetores, através, principalmente, da incrustação da espécie em seu casco. Os indivíduos se fixam ao encontrar costão rochoso ou materiais artificiais como cimento, granito, aço e cerâmica, podendo ocupar áreas até onde não há incidência de luz. São capazes de se reproduzir em alta velocidade, ocupando o espaço da fauna nativa e provocando um efeito devastador na biodiversidade marinha brasileira. Já os nativos levam longo tempo para se recompor.
Leia também
Expedições para remover coral-sol
Semana do Meio Ambiente: Discussão sobre o mar e coral invasor
Coral exótico ameaça corais nativos
Coral danificado para alimentar canos de aquário de lagostas em hotel
Arca de Noé para corais ameaçados
Alerta de um homem do mar: “Oceanos sufocados, Planeta sem ar”
Litoral Sul terá área de proteção marinha
Zoneamento ambiental contra turismo predatório no Litoral Sul
Litoral Sul: Excesso de demanda em APA
Litoral Sul: Turismo sustentável?
Turismo predatório vai ter limite em Pernambuco
Litoral Sul: excesso de demanda em APA
Mais proteção para a APA de Guadalupe
Deixem que vivam as baleias
Pesca predatória ameaça lagosta
Comer lagosta ovada é não ter coração
Evite comer crustáceos ovados
A matança dos guaiamuns ameaçados
Guaiamuns ameaçados são liberados
Golfinho rotador rende prêmio
Golfinho atrai turista a Noronha
População de baleias em declínio?
Viva! Tartarugas ao mar
Natureza: O “passeio” das tartarugas
Apesar de urbana, Boa Viagem tem desova de tartarugas
Acordo na Justiça com algozes do Marlim Azul
Servidor federal é afastado porque fez a coisa certa na proteção ambiental
Praia dos Carneiros ganha aliados contra o turismo predatório
A praia de Boa Viagem está limpa?
Viaje pelo Brasil Selvagem Costa Brasileira sem sair de casa
Cprh investiga poluição em Suape
Óleo derramado em 2019 deixa marcas no Litoral de Pernambuco
Óleo em 20 praias e sete rios de Pernambuco
Crime ambiental em Maracaípe
Litoral Sul: turismo sustentável?
Disciplina para barcos no Litoral Sul
Litoral Sul terá área de proteção marinha
Litoral Sul: excesso de demanda em APA
Turismo predatório vai ter limite em Pernambuco
COP 25: crime ambiental deixa 11 mil pescadores a ver navios em Pernambuco
Praia dos Carneiros ganha aliado contra turismo predatório
Mar: mais plásticos do que peixes em 2050
Plásticos viram vilões das tartarugas
Ministro manda oceanógrafo trabalhar na caatinga. E o Sertão já virou mar?
Cprh assegura: praias sem risco
Desastre ambiental: viva a ação dos voluntários
Boa Viagem com piche. Que horror
Boa Viagem: #Sechegaragentelimpa
Pernambuco: 70 toneladas de óleo
Há risco de tubarão em mar protegido?
Pernambuco: 70 toneladas de óleo
Óleo recolhido em 24h: 30 toneladas
Óleo: União é “inerte, omissa e ineficaz”
Plásticos viram vilões de tartarugas
Taxa de Noronha não é roubo, mas recurso para proteger a natureza
Deixem que vivam as baleias
Colete três plásticos na areia
Litoral Sul terá área de proteção marinha
Serviço
O que: Semas realiza primeira expedição para retirar coral invasor de embarcação naufragada
Quando: nesta segunda-feira (14), às 8h.
Onde: Cabanga Iate Clube, Rua Badejo, 4, Brasília Teimosa, Recife
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: ONG PCR/Divulgação / Semas-PE