Era um sábado tranquilo, quando a professora aposentada E.C.L, decidiu visitar uma sobrinha, na Rua Antônio de Castro (foto), em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Às duas da tarde, quando ia dando partida no carro, um Sendero, foi abordada por um rapaz, que bateu na porta com muita força e enfiou a cabeça pela janela, debruçando-se sobre a motorista, o que a deixou surpreendida e assustada. Sem entender que entender o que estava acontecendo, a professora – que tem 81 anos – empurrou o rapaz. E indagou: “Oxente, o que é isso?”
“Desça logo”, disse o marginal. “Por que vou descer se já estou dentro do carro?”, indagou a vítima. Foi aí que veio a reação. “Se você reagir, ele toma providência”, ameaçou o bandido, apontando para seu comparsa, que estava perto da calçada. Foi aí que a aposentada entendeu que aquilo era um assalto. Desceu do carro, e os dois sumiram com ele. Felizmente não houve facada, nem tiro, mas o assalto foi, enfim, consumado. O carro foi encontrado, dois dias depois, próximo à Bomba do Hemetério, também na Zona Norte e não muito distante do local do crime.
Mas, no próprio sábado, começaria outro calvário para a vítima. Não muito familiarizada com informática – usa o computador mais para a produção de textos – ao invés de prestar queixa Online, ela procurou a Delegacia mais próxima. No caso, a de Casa Amarela, que fica na Rua Paula Batista, uma das mais movimentadas do bairro. Mas a delegacia tinha as portas fechadas.”Estava com as cadeirinhas de perna para cima, sobre as mesas e havia aviso que não funcionava aos finais de semana”, contou ela ao #OxeRecife.
“Não entendo como um bairro populoso como Casa Amarela fecha a delegacia aos finais de semana”, reclamou. Foi, então, para a Avenida João de Barros, onde sabia que existia uma delegacia. Mas esta havia se mudado para a Rua Othon Paraíso, no Espinheiro. Também estava fechada. Na porta, foi avisada por uma ambulante que tinha uma outra delegacia na Avenida Agamenon Magalhães.
Seguiu para lá. No terceiro local procurado, ela foi enfim atendida e registrou a queixa.Foi informada que as outras delegacias estavam fechadas por “motivo de economia”. Ela ficou surpresa com a informação. Pensava que as delegacias estavam fechadas devido à pandemia. Economia? E a segurança da população, como é que fica? Com a palavra, a Secretaria de Defesa Social. Moradores da Antônio de Castro – que a exemplo da aposentada, pediram para não se identificar – relatam que os assaltos ali são frequentes, inclusive à luz do dia.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife