No local onde foi erguido esse monstrengo – um péssimo exemplo da arquitetura descuidada do século 21 – havia uma bonita casa térrea, que pelo estilo deve ter sido construída nos entre os anos 1940 e 1960 do século passado. Era uma casa branca, com terraços em arcos, que eram decorados com pedras que julgo ser de granito, porém não polido. O imóvel era lindo e ficou muitos anos fechado.
Ficava na esquina da Estrada do Arraial com a Desembargador Góis Cavalcanti, ali entre os bairros de Parnamirim e Casa Amarela. Tentei em vão achar imagens antigas da construção anterior não só nas redes sociais, como também em plataformas de endereços ou sites de fotos antigas da cidade. Nada. Tentei até a arquiteta Tereza Bandeira de Melo e a jornalista Sílvia Santos, ambas residentes ali bem pertinho.
Sílvia, aliás, está impressionada como as paisagens de Casa Amarela, Casa Forte e Parnamirim “estão se modificado”. E o que desanima é que é para pior. “Pouco a pouco, com intensificação nos últimos três anos, as casas vão sumindo e os prédios subindo”, lamenta ela. “E ainda tem aquele outro casarão na esquina da Desembargador Góis Cavalcanti com Arraial que terminou virando farmácia, inaugurada há algumas semanas…”.
Na Desembargador Góis Cavalcanti (aquela defronte do Colégio Santa Catarina), dia desses passei caminhando e não restava mas nenhum imóvel residencial, na calçada para quem trafega no sentido Casa Amarela – Casa Forte. A última que sumiu foi essa da foto central, um imóvel em estilo moderno e sem tantos encantos quanto a outra. O problema é que o quarteirão está se verticalizando cada vez mais. No caso do monstrengo azul, pedestres reclamam da inclinação da calçada. “Já não dava para andar na do hospital Agamenon que tem muito ambulante e lixo acumulado e a de defronte é inclinada e deixa principalmente as pessoas idosas sem segurança”, afirma a aposentada Maria Campos, que mora em Casa Amarela, e também reclama das mudanças da paisagem nas ruas do Recife. “Sempre para pior”.
Leia também
Texto: Letícia Lins /#OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Internet
Passo todos os dias nessa esquina e acompanhei a concepção desse monstro!