Pelo menos isso, neste Recife de pouco zelo na preservação da memória e de tantos casarões demolidos. Não é uma graça, esse chalé do século 19? Ele fica no bucólico bairro do Poço da Panela e estava totalmente em ruínas. Exatamente desse jeito que vocês estão vendo na foto aí em cima. Mas felizmente, ao invés de ser detonado ou sumir do mapa – como é comum acontecer na nossa cidade – ele agora está preservado. E vejam só, como ficou lindo na foto central.
Como caminho quase diariamente por muitos bairros do Recife, costumo ver casarões antigos e modernos sendo demolidos sem dó. E já estava de olho nesse chalezinho, tão gracioso. Quando vi um edifício sendo erguido no fundo do terreno onde ele fica, pensei que seria o próximo a sumir. Mas não foi o que ocorreu. O chalé passou por minucioso processo de recuperação, sob responsabilidade do Professor Roberto Araújo, que responde pela cadeira de Restauração da Universidade Federal de Pernambuco. A iniciativa é da Haut, que aproveitou o chalé para nele instalar seu escritório. O imóvel fica no mesmo terreno onde foi erguido um edifício de sete pavimentos, sendo o primeiro comercial. Os outros seis, segundo a Haut, são destinados ao uso residencial.
Nos últimos anos, o Poço da Panela e outros bairros do Recife têm perdido vários casarões de importância histórica ou arquitetônica, sejam antigos ou em estilo moderno. Inclusive chalés. Os sumiços vêm sendo registrados com pesar aqui no #OxeRecife e também em sites como o liderado pelo nosso amigo Josué Nogueira, do @antesquesuma e @sovequemvaiape. No caso do chalé do Poço, tanto a Haut quanto o professor, estão de parabéns pela iniciativa. Ao contrário, por exemplo, do que ocorreu na Estrada do Encanamento, ali bem pertinho, onde um secular chalé foi totalmente demolido para a construção de um edifício, nas caladas da noite dos dias de carnaval. O caso você pode ver nos links abaixo. O da Haut, fica no número 297 da Rua do Chacon, onde agora é a sede da construtora.
O chalé tem 250 metros quadrados. Os responsáveis pela obra refizeram a coberta (que estava ruindo), reforçaram as paredes e arriaram reboco nas partes internas, deixando à vista os tijolos maciços e manuais do passado, que hoje são verdadeiras relíquias. Também foram consertadas portas, esquadrias e janelas. O piso também passou por reforma. Os trabalhos demandaram dois anos. O casarão tem chamado a atenção do público e tem gente até que chega lá para conhecer e visitar, principalmente estudantes de arquitetura. Vale a pena. Que a revitalização sirva de exemplo para outros empreendimentos erguidos nesse Recife cada vez mais vertical, onde se elimina as marcas de um passado rico, cheio de história e com bonita arquitetura.
Abaixo, você confere mais informações sobre a Haut e chalés e outros casarões da cidade.
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Sobre a Haut:
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Haut / Divulgação