Caminhadas Domingueiras com percurso da “cidade holandesa” entre o Forte do Brum e o de Cinco Pontas

Um mês após fazermos o percurso entre dois fortes históricos,  o do Arraial Velho (no Sítio da Trindade, em Casa Amarela) e o do Arraial Novo (Iputinga) – dos quais só restam as ruínas – voltamos a realizar um roteiro situado, novamente, entre duas fortalezas, porém ao contrário das duas anteriores, ambas felizmente ainda estão de pé. Dessa vez, o Coordenador do Grupo Caminhadas Domingueiras, Francisco Cunha, optou por andar entre a Fortaleza do Brum (no Recife Antigo,foto abaixo) e o Forte das Cinco Pontas (no Bairro de São José, foto acima), e no qual funciona o Museu da Cidade do Recife. O passeio teve como mote a “Cidade Holandesa”, já que o Recife esteve sob o domínio holandês entre 1630 e 1654.

Construído no século 17,o Forte do Brum sobrevive até hoje, após ser reconstruído em pedra: Museu do Exército

Não é de estranhar, portanto, que  o do Brum e o Cinco Pontas tenham sido erguidos no século 17. O primeiro é datado de 1629, porém a edificação passou posteriormente por reformas, sendo refeita em pedra a partir de 1654, embora sua estrutura original tenha sido mantida. Hoje o Forte do Brum abriga o Museu Militar. Já o Forte das Cinco Pontas (que agora tem apenas quatro, embora o nome seja mantido), foi erguido em 1630 em terra, quase destruído em 1654, e em 1680 foi reedificado, porém em pedra. Nessa reconstrução, passou a ter quatro baluartes e uma capelinha dedicada a São Tiago. Na caminhada sobre a presença holandesa em nossa cidade, foram enfocados não só os fortes, mas traçado urbano, ocupação do bairro do Recife, Santo Antônio e, posteriormente, o Boa Vista, onde Maurício de Nassau ergueu um palácio para descansar, provavelmente onde fica a Igreja do Carmo, que  no passado ficava à beira de uma camboa (rio, riacho).

O Forte do Brum foi inicialmente construído em terra e depois em pedra. No passado, havia uma praia em sua frente.

Hoje o Forte das Cinco Pontas abriga o Museu da Cidade do Recife, que atualmente está com exposição montada que conta a evolução urbana da nossa cidade. Foi aí que acabou a nossa caminhada, onde vimos a mostra sobre tudo que aprendemos desde o início do roteiro, tendo como partida a Rua da Aurora, perto da Ponte do Limoeiro, região que era um alagado por volta de 1630, quando era conhecida como Salinas (havia produção local de sal) durante a ocupação holandesa.

De lá, atravessamos a Ponte do Limoeiro, da qual consegue-se ver parte dos bairros de Salgadinho, Santo Amaro, Boa Vista, Santo Antônio, São José, Recife e até Boa Viagem à distância. Daí, paramos na Fortaleza do Brum, na frente do qual  até o século passado havia uma praia frequentada pelos recifenses. Depois, passamos Memorial da Justiça, que funciona em prédio construído no século 19, para abrigar a antiga Estação Ferroviária do Brum (foto abaixo). Paramos, ainda, na novíssima Praça do Pilar, que fica em frente ao imponente Terminal de Passageiros do Porto do Recife. Parada estratégica, também, no antigo Moinho Recife, que vem sendo transformado em complexo residencial, comercial e de lazer por um grupo formado por quatro empresas.

Perto do Forte do Brum fica esse prédio, onde funcionou no passado uma estação ferroviária: Memorial da Justiça

Depois, Rua do Bom Jesus (com seu museu a céu aberto), que vem a ser a antiga Rua dos Judeus e que é tida como a primeira rua do Recife. Paradas na Rua Marquês de Olinda, Rua do Imperador, onde fica o prédio mais antigo do Recife, ainda de pé e na esquina da qual havia um forte, o Ernesto, onde hoje é o Palácio da Justiça. Houve, ainda paradas no Pátio do Carmo, Pátio de São Pedro, Praça Dom Vital, para – enfim – chegarmos ao final da jornada, vendo um resumo de tudo que a gente aprendeu no caminho, sobre a herança deixada pela ocupação holandesa no Recife. E também sobre a evolução urbana do Recife já que a mostra conta a história da cidade entre 1 537 e 2010.

Leia também
Percurso entre dois arrais do século 17 que ficaram história em Pernambuco
História: Krzysztof Arciszewiski, o rival polonês de Maurício de Nassau que dizia o que pensava
Sessão Recife Nostalgia: Sítio Trindade, história, festa, verde e abandono
Olha! Recife extra no Sítio Trindade
Memorial da Democracia no Sítio da Trindade reverencia Paulo Freire
Sessão Recife Nostalgia: Viagem do século 20 ao 17 com livro e expô inédita no Museu da Cidade do Recife
Sessão Recife Nostalgia: Maurisstad,  arcos, Boi Voador e memória
Achado arqueológico no Recife
Silenciosa relíquia do tempo de Nassau
Olha! Recife especial teve James Lancaster, Zumbi, Nassau e Frei Caneca
Olha! Recife tem bike, museu e Nassau
Olha! Recife com Nassau, ponte e jornal
Sessão Recife Nostalgia: Conheça o Arco da Conceição com QR Code
Caminhadas Domingueiras voltam a ser mensais. Roteiro hoje foi pelo bairro de São José
Recife, 483 anos: bolo gigante e boi voador
Recife, 500 anos. E Amsterdam?
Boi Voador, do Recife, pode ganhar segundo prêmio nacional
Caminhadas Domingueiras: “Olhem o Recife pelo que ele pode vir a ser”
Caminhadas Domingueiras: Passeio do estilo colonial ao moderno bossanovista
Caminhadas Domingueiras: Verde Olinda
Mergulho no estilo neocolonial no Recife
Art Déco: Miami ou Recife?
A República e o estilo eclético no Recife
Aluga-se um belo prédio na Bom Jesus
O charme dos prédios da Bom Jesus
Derby: eclético, art déco, modernismo
Lembram dele? O caso do prédio que teve duas fachadas simultâneas
Os gelos baianos e a revolução de 1930
Os primeiros das Américas
O Sertão urbano do Benfica
Praça Dom Vital de roupa nova
Pátio de São Pedro está sendo pilhado
Silenciosa relíquia do tempo de Nassau
Sinos novos na Basílica do Carmo
Uma pérola na comunidade do Pilar
O ferro na arquitetura do Recife
Rua da Conceição e relíquias religiosas
Matriz de Santo Antônio: Xô, vândalos
Ginásio Pernambucano no Olha! Recife
Passeio por três séculos de história
Um passeio pela história do Recife
Bairro do Recife em discussão
Dê o Recife de presente ao seu  papai
Recife, saneamento, atraso e tigreiros
Nota dez para o Recife que te quero ver
O ar “refrigerado” da mata sob o sol
Vai sair reforma do Chalé do Prata
São José e Santo Antônio ganham livro

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e Andrea Rego Barros / PCR (Acervo #OxeRecife

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.