“Caminhadas Domingueiras”: passeio seguindo o roteiro dos heróis da Revolução de 1817

Domingo de passeio pela história de Pernambuco, de tantas tradições libertárias. Embora comemorada em março – eclodiu no dia 6 daquele mês – a Revolução de 1817 foi o tema do roteiro percorrido neste domingo de abril  (16/04), em mais uma edição das chamadas Caminhadas Domingueiras, que são capitaneadas pelo arquiteto, consultor e urbanista Francisco Cunha. Como se sabe, aquela é considerada a única insurreição anticolonial que conseguiu tomar o poder em toda a história da monarquia portuguesa, quando nosso estado virou uma república independente por 74 dias. E ainda recebeu apoio da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, motivo pelo qual a bandeira do movimento tinha três estrelas, hoje reduzida a uma, a de Pernambuco.

As duas outras foram retiradas pelo então governador  Manuel Borba (1864-1928). Foi no Recife que eclodiu o movimento, quando  em plena efervescência política, o oficial José de Barros Lima, o Leão Coroado, resistiu a uma ordem de prisão matando o brigadeiro português  Manoel Barbosa, encarregado pelo então Governador da Província de prender s rebeldes. Dali, eles saíram para tomar o Palácio do Governo, que funcionava na Praça 17 (foto acima). Os revoltosos reclamavam de altos impostos cobrados pela Coroa (até de iluminação, quando esta nem havia no Recife), crise econômica, fome. O roteiro feito nesse domingo seguiu as indicações das placas da História nas Paredes, que reproduz o roteiro dos revolucionários de 1817 na cidade. As placas que lembram a Revolução de 1817 foram afixadas pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico do Recife, após pesquisas realizadas pela instituição sobre o movimento histórico mais reverenciado no estado.

Roteiro das Caminhadas Domingueiras foi sobre os caminhos da Revolução de 1817

O roteiro criado pelo IAHGP tem dez placas, das quais oito no Recife. E elas serviram de guias para o passeio de hoje. Há duas outras em cidades diferentes, onde a revolta teve ramificações (Olinda – PE e Salvador –BA). Com textos curtos, elas revelam a representatividade de cada espaço para a revolução. E trazem, ainda, fotos antigas desses lugares.

Nosso passeio teve início pelo local onde ficava o Quartel do Regimento de Artilharia, no qual começou a Revolução (no lugar onde fica hoje Edifício Seguradora, na esquina da Avenida Dantas Barreto com a Rua Marquês do Recife). E terminou na sede  edifício do Erário Régio (fachada do prédio anexo ao Palácio do Campo das Princesas, em frente ao Teatro de Santa Isabel).

O Forte do Brum Forte foi o local onde o Governador deposto em 1817  se abrigou, para se proteger dos revolucionários

Passamos, ainda, pelo Campo do Erário Régio/Campo da Honra (fachada do prédio anexo ao Palácio, ao lado do Batalhão de Guardas, na Praça da República). E pelo Palácio Velho (atual Fórum Thomaz de Aquino, esquina da Praça Dezessete com a Rua do Imperador, Santo Antônio); pela Ponte do Recife, atual Maurício de Nassau (hoje Rua 1° de Março, Santo Antônio, na antiga Livraria Ramiro Costa); pelo Forte do Brum (Praça da Comunidade Luso-Brasileira, Bairro do Recife). No roteiro, não foi incluído o Forte das Cinco Pontas (atual Museu da Cidade do Recife, no bairro de São José) e nem o Seminário de Olinda (Cidade Alta). Também não passamos pela Cadeia Nova, onde fica o atual Arquivo Público Estadual de Pernambuco, na Rua do Imperador, 371.

No Recife, alguns dos monumentos da época sobrevivem, como o próprio Arquivo Público, os Fortes de Cinco Pontas e do Brum. Também sobrevive o Colégio dos Jesuítas, na Praça 17, onde funcionava à época o Palácio do Governo na época da Revolução. E foi de lá que o Governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1748-1827) saiu, após ser deposto, para se refugiar no Forte do Brum. Ele mandara prender os revoltosos, mas não havia se preparado para a resistência. Infelizmente a Praça 17, apesar de toda a história,  está suja, abandonada, assim como seus monumentos precisam de restauração. Nos caminhos que nos levaram a esses locais, encontramos monumentos em excelente estado de conservação, como o Brum. O Forte das Cinco Pontas, (no qual não estivemos), também se encontra bem conservado, assim como o Arquivo Público. Já a Praça 17 e seu conjunto arquitetônico de tanta importância histórica estão precisando de manutenção e restauração. A limpeza também é necessária, pois o lixo acumulado está demais. Um horror!  Posteriormente, mostrarei aqui as mazelas que encontramos, como esgoto escorrendo a céu aberto, em locais históricos, também cobertos pelo mato….

Abaixo, você confere informações sobre a Revolução de 1817 e sobre as Caminhadas Domingueiras

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Alexandre Trindade e Letícia Lins / #OxeRecife

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