Calçadas “assassinas”: Novas vítimas

Até que houve investimentos em recuperação de calçadas no Recife. E algumas realmente estão melhores, em trechos de bairros como Graças, Jaqueira, Areias, Boa Vista, Macaxeira. Porém, a situação da maioria ainda deixa muito a desejar. As clínicas ortopédicas que o digam, pois não é pequena a quantidade de pacientes com pés torcidos, fraturados e até dedos das mãos quebrados, quando tentavam amenizar o impacto da queda. Mas as calçadas assassinas estão aí, fazendo vítimas. E não são poucas não.

Em menos de uma semana, duas pessoas do meu círculo de amizades sofreram problemas devido à má conservação de nossas calçadas. A primeira, a jornalista Conceição Campos (foto acima), está com o pé imobilizado após sofrer fratura, quando transitava pelo trecho que fica entre a  Padaria Cidade Jardim e a Vila dos Comerciários, na Estrada do Arraial, onde há uma das calçadas mais precárias do Recife.

As calçadas da Estrada do Arraial e também da Avenida Rosa e Silva são tão irregulares, que há quem prefira circular pelo asfalto, disputando espaço com os carros devido ao medo de sofrer acidente no concreto com buracos. Já vi isso muitas vezes aqui no Recife, em bairros como Casa Forte, Aflitos, Casa Amarela, Madalena, Areias, Boa Vista. Nesse bairro, aliás, algumas sofreram melhoras, como as que ficam na Rua do Príncipe e na Gervásio Pires. Mas nos outros cantos da cidade, a situação é de clamor. Olhe só a foto dessa senhora. Isso foi uma queda.  Ana Maria Trindade, mãe do nosso amigo Alexandre Trindade, também foi vitimada por uma outra calçada assassina, que fica na Rua Arão Botler, no bairro do Cajueiro, no Recife. E olha que a calçada nem era tão cheia de buracos. Uma rachadura, uma pedra solta e uma pisada em falso, foi suficiente para Ana Maria desequilibrar e cair. Foi uma queda tão feia, que ela machucou o rosto. E ainda está com hematomas como pode se ver na foto vertical.

Eu sei o que é isso, pois já precisei imobilizar meu pé pelo menos umas cinco vezes, devido a irregularidades no asfalto ou em calçadas. E haja tombos!  Às vezes, vou caminhando e contando os buracos do caminho. As armadilhas, são muitas, estão em todos os lugares. Observe só as fotos seguintes.

Pedestre corre o risco grave esquina da  Estrada do Encanamento com José Figueira, no Parnamirim

Esta armadilha fica na esquina da Rua José Figueira com a Estrada do Encanamento, perto do Clube Alemão, no Parnamirim. Por acaso, já presenciei uma senhora idosa sofrer um acidente neste local. Ela não só torceu o pé como cortou-se nas ferragens expostas. Essas tampas de concreto se “dissolvem” com facilidade, pois não enfrentam peso de automóveis, por exemplo. Mas viram “areia” rapidamente, acarretando risco para o pedestre. Alô, alô, Emlurb, cadê o controle de qualidade? É impressionante que esse descalabro esteja aí desde 2020 e ninguém tome providência. Em dias de chuva, o risco é maior, pois quando a água cobre a calçada, aí… já viu. Outro exemplo de risco fica na esquina da Rua João Santos com a Avenida Rui Barbosa (abaixo), ali na calçada do Hospital Maria Lucinda. Vejam só a tampa dessa galeria de águas pluviais. Basta a pessoa se distrair, para sofrer um sério acidente, não é mesmo?

Na calçada do Hospital Maria Lucinda, risco de acidente em tampa de galeria pluvial que “derreteu”

Sei não, mas será que não tem engenheiro que consiga pensar em um material mais consistente? Desse jeito, o dinheiro do contribuinte vira pó e escorre pelo ralo. Além disso, o risco para o transeuntes é muito grande. Ao sofrer o acidente na Estrada do Arraial, Conceição avisou aos primos que moram em Portugal. A primeira coisa que eles perguntaram foi quando ela iria entrar com ação para processar a Prefeitura. Porque danos provocados em áreas públicas rendem indenizações para as vítima sem países sérios.

Aqui tenho uma amiga que fez isso. Não deu em nada. No meu caso, nem sequer me dei ao direito de perder tempo, para exigir responsabilidade de quem deve pagar em bons serviços o imposto que recolhe do cidadão. Pela legislação, cabe ao poder municipal responsabilidade pela manutenção de calçadas em praças, jardins; margens de rios, lagos e mar; e também de órgãos públicos. As demais, seriam de responsabilidade dos proprietários de imóveis. Então, porque o poder público não fiscaliza? E quem é o responsável  pela tampa de galeria pluvial (mesmo que esteja em calçada particular?). Não custa nada perguntar.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Letícia Lins (#OxeRecife) e Alexandre Trindade (cortesia)

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