Das duas, uma. Ou esse sistema de revestimento intertravado que o Programa Calçada Legal está implantando no Recife não funciona ou, então, os blocos estão sendo mal assentados. Sinceramente, como eu costumo caminhar muito e fazer a pé minhas obrigações domésticas de rua – padaria, farmácia, pagar contas, fazer saques, etc – sei o tamanho do perigo que é andar pelas calçadas da nossa cidade. Infelizmente elas possuem um risco em cada esquina, em cada metro que se caminha. Até mesmo nas áreas requalificadas.
Isso mesmo. Não pensem que perigo ocorre só nas antigas não. Na última vez que imobilizei o pé devido a um acidente em uma delas, foi justamente por conta de blocos soltos na Rua Amélia, no bairro das Graças, onde o Calçada Legal havia acabado de concluir o serviço. Claro, as calçadas ficaram mais bonitas e aprazíveis. Porém por um certo tempo, porque o que tem de pedra soltando… Na sexta-feira fui caminhando de Casa Forte até o Mercado de Casa Amarela, fazendo o percurso pela antes belíssima e arborizada Estrada das Ubaias, hoje cheia de espigões e sem as árvores que lhe deram o nome no passado.
Naquela área, a antiga via e a histórica Estrada do Encanamento também foram incluídas no Calçada Legal, programa lançado em 2017 pela Prefeitura do Recife e que previa investimentos de R$ 105 milhões. Dinheiro para aplicar na requalificação de 134 quilômetros de calçadas e de 56.300 metros quadrados de largos da cidade. Em alguns trechos, claro, a mudança foi para melhor. É o que ocorre em ruas como Príncipe, Riachuelo, Oliveira Lima, Gervásio Pires (Boa Vista, no Centro). Em alguns locais, no entanto, os blocos cederam, estão soltando, levando as calçadas a se transformarem em uma teia de armadilhas, como antes. A população até se encarrega da “sinalização”, para prevenir os passantes.
É o que está ocorrendo na Estrada das Ubaias. Que recentemente foi beneficiada com serviços pesados e necessários de drenagem , como ocorreu, também, na Estrada do Encanamento. O problema é que as obras ainda nem foram totalmente concluídas nas Ubaias, e já estão desse jeito, que vocês observam nas fotos. Cadê a fiscalização da Prefeitura? O que dizem a URB e a Emlurb? É muito dinheiro investido para que, em tão pouco tempo, os pedestres voltem a enfrentar os mesmos problemas de antes. Risco de queda, insegurança para idosos e pessoas com problema de locomoção. E o que dizer, então, daqueles que não enxergam ou têm pouca visão? Imaginem, alguém passar aí à noite, no escuro. Sei não… Cidadania a pé, cadê?
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife