Brasil é o terceiro país do mundo em espécies de aves. Mas o tráfico….

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Na segunda-feira (5/1), foi o Dia da Ave. Mas para o #OxeRecife, todos os dias são da natureza. Das árvores, dos rios e oceanos, da fauna. Não custa nada, pois, lembrar o transcurso da data dedicada aos pássaros, que são os que mais sofrem a ação do tráfico de animais silvestres. E no Brasil, a oferta é generosa, pois é o terceiro país do mundo em espécies de aves. E nós sabemos, no país temos pássaros belíssimos que vão das araras e tucanos  a arapongas,  do pintor verdadeiro aos mandarins.

Infelizmente, muitas delas são privadas da liberdade e condenadas a viver eternamente em cativeiro, em famigeradas gaiolas. E é muito tempo, pois aves têm vida longa. Na segunda-feira estive na sede da Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh), para entregar Francisco, o bem-te-vi que caiu do ninho  no domingo (ver link abaixo). E que escapou do triste destino do cativeiro, porque eu passava perto da árvore quando ele caiu. “Pega prá vender que esse passarinho é caro”. Foi o que ouvi. Recolhi, trouxe para casa.  Alimentei  e dei água. À noite, o bebê piou tanto que dei comida de novo e o trouxe para rede, onde ele se acomodou no meu pescoço e dormiu até o amanhecer Deve ter gostado do lugar quentinho.

Eu já me afeiçoara a Chiquinho. Mas na Cprh, o animal será preparado para retornar à natureza, que é o lugar dele. Mas a gente sabe que nem sempre é assim. No tráfico, as aves comem o pão que o diabo amassou. Pois os traficantes as escondem da fiscalização e terminam por colocá-los  em locais quentes, fechados em caixas, nas malas dos carros. Muitos morrem sem sequer chegar ao seu destino. Também há doses excessivas de sadismo por pessoas que mantêm algumas espécies em cativeiro. Há verdadeiras atrocidades. Por exemplo: o assum preto e o sabiá são duas espécies que sofrem mutilações nos olhos para “cantar melhor”. As aves pagam um preço muito caro por ter um canto harmonioso. Lembro-me de casos de sabiás com cegueira, porque cantam o tempo todo já que não distingue claro e escuro. As aves cantam mais no início da manhã e ao entardecer.

O cantor Luiz Gonzaga chegou a retratar o drama da cegueira imposta a aves para que cantem sem parar. A música Assum Preto, uma das mais famosas e que já integram o cacioneiro popular, é um exemplo: “Mas Assum Preto, cego dos oio, num vendo a luz, ai, canta de dor. Furaro os óio do Assum Preto, pra ele assim, ai, cantá mió”.  Aves provenientes do tráfico vêm sendo recebidas pela Cprh (no Cetas Tangara), onde são preparadas para o retorno à natureza. Na última soltura, realizada na tarde da sexta-feira (2), quatro aves voltaram ao seu habitat natural: duas corujas (uma do mato e outra buraqueira), um gavião carijó ( ver galeria de fotos) e um falcão quiriquri. Os animais foram soltos em duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), unidades de conservação de domínio privado, que ficam localizadas no Agreste pernambucano. Em 2019, a Cprh devolveu cerca de 6 mil animais à natureza, dos quais nada menos de 5 mil eram pássaros.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh / Divulgação e Acervo pessoal

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