Oito instituições – que incluem o Instituto de Arquitetos do Brasil e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco divulgaram manifesto em que protestam contra a demolição de imóvel que era um marco da arquitetura moderna no Recife. E denunciam que ela aconteceu em “tempo recorde”. O imóvel era um projeto famoso arquiteto Delfim Amorim e até o início desde ano abrigava a sede da Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh). A casa, que fica em Santana, pertenceu ao empresário Miguel Vita. Foi destruída no sábado e o ato ganhou repercussão nas redes sociais e aqui no #OxeRecife.
Uma das herdeiras de Miguel Vita, Cristina Vita, enviou irônica mensagem ao #OxeRecife, acusando o Governo de Pernambuco de ter passado um calote nos herdeiros, na qual cita os altos custos de manutenção do imóvel. “Sugestão: Faça uma vaquinha e vá pagar as altas despesas de Iptu, energia e água, inclusive as que o governo deixou de pagar”. E acrescenta: “Acabaram com a casa, do famoso arquiteto só tem a fachada”. E sugere: “Se você quiser pagar e sustentar tudo, vamos fazer um acordo bom. Porque espernear com dinheiro dos outros, é muito fácil, viu. Poupe-me”. A Cprh informou ao #OxeRecife que não se posicionará sob a acusação de Cristina. Pois “só responde ao que é publicado nas suas redes sociais”.

A nota pública divulgada pelas instituições demonstra “profunda indignação diante da recente constatação de demolição de um bem cultural, representativo do acervo da arquitetura moderna no Recife, que por muitos anos serviu de sede à Cprh”. E acrescenta: “Concebido como residência particular, pertencente ao industrial pernambucano Miguel Vita, o imóvel reunia significativos atributos dos traços modernistas, com estruturas em balanços e coberta com empenos do tipo asas de borboleta”. Lembram que a casa” foi projetada pelo arquiteto Delfim Amorim, que também nos brindou com obras arquitetônicas consideradas ícones de nossa memória arquitetônica” e que ela “reunia elementos em muito exaltados pelos profissionais da área, pelos admiradores da nossa cultural local e pela sociedade em geral”.
A nota de repúdio sobre “mais um manifesto para o obituário arquitetônica”, lembra que Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi (outro ícone da arquitetura moderna no Recife) estão para Pernambuco como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa para o Brasil. Também acusam estranhamento pelo rapidez com que o imóvel foi demolido. “Ademais, questionamos fortemente a legitimidade de uma ação de demolição que ocorre em tempo recorde, em um final de semana, sem placa de obra e sabendo-se que o imóvel em questão havia sido indicado por professores da Ufpe, especialistas em arquitetura moderna, para classificação como imóvel Especial de Preservação (IEP), previsto na Lei 16.176/1996”. E lembram: “Embora ainda não houvesse ainda uma definição, tal indicação já sinaliza que o órgão municipal de preservação já tinha conhecimento do valor da edificação.
Mas… será que a atual gestão municipal está ligando para isso, para o nosso patrimônio arquitetônico e urbano? É só ver a situação em que se encontram as casas modernistas da Avenida Rosa e Silva e a destruição de casarões históricos de bairros diversos do Recife, sem dó. Sem falar na descaracterização do centro e até mesmo das tradicionais luminárias de nossas praças.
O manifesto tem a assinatura do Instituto de Arquitetos do Brasil-PE (Comissão de Patrimônio Cultural); Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufpe; Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicape; Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Ufpe, Núcleo Pernambuco do Icomos Brasil, Núcleo Pernambuco Decomomo Brasil, Associação Brasileira de Arquitetos e Paisagistas (Núcleo PE e nacional).
Veja na íntegra, a nota no seguinte link: https://www.iabpernambuco.org/maisumparaoobitu%C3%A1rioarquitetonico. Outra nota de protesto, divulgada pela Chapa 2 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo está no Canal do Youtube do #OxeRecife. Veja lá.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Internet
Confiar nisso, que não tem força de Lei: “Especial de Preservação (IEP), previsto na Lei 16.176/1996”. E lembram: “Embora ainda não houvesse ainda uma definição, tal indicação já sinaliza que o órgão municipal de preservação já tinha conhecimento do valor da edificação”, é o mesmo que aceitar que: “fulana está meio grávida”. E é nisso que a PCR deita e rola e tergiversa comodamente sobre o argumento falacioso: “de interesse para”, sem se preocupar em criar um Sistema de Preservação sério, lembrando que, só o tombamento salva. De resto se ficará eternamente chorando pitangas uma atrás da outra “de interesse especial para preservação”. Interesse é tão somente desejo, e, como se sabe, nem tudo o que se deseja, se tem, mas se tem o que a Lei impõe, sendo o imposto desejado, ou não. Portantosó o tombamento salva,e o desejoapenas deseja,e chora quandonão satisfeito
*No comentário que fiz, leia-se – “sob o argumento,ao invés cde , sobre o argumento.