Haja sujeira. E acúmulo de baratas, ratos, escorpiões, e até criadouros do Aedes aegypti, o mosquito da dengue. Operação conjunta liderada pela Prefeitura do Recife fiscalizou pontos clandestinos de armazenamento de materiais para reciclagem, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Foram lavrados dois termos circunstanciados de ocorrência, um estabelecimento foi fechado e o material irregular apreendido lotou nada menos de cinco caminhões. As recomendações sanitárias não eram cumpridas e foi constatada, também, ocupação irregular do passeio público (foto acima).
Participaram da operação a Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), a Vigilância Ambiental, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), com apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar de Pernambuco e Polícia Civil. Com caráter multidisciplinar, a ação conjunta foi realizada na Avenida Visconde de Jequitinhonha e na Rua Coronel Benedito Chaves. Reciclar materiais – papel, vidro, plásticos, metais – poupa a natureza, mas o armazenamento tem regras que precisam ser seguidas. Não eram os casos dos locais visitados, que mais pareciam lixões.
“Tanto conseguimos trabalhar o ordenamento urbano – os estabelecimentos ocupavam de forma irregular o passeio público, obstruindo a mobilidade – como também a questão sanitária, uma vez que esse tipo de estabelecimento não costuma respeitar, por exemplo, a disposição dos equipamentos, facilitando a proliferação do mosquito Aedes aegypti”, explica a secretária executiva de Controle Urbano, Marta Lima. Os TCOs lavrados na Delegacia de Boa Viagem foram relativos ao artigo 268 do Código Penal (infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, cuja pena pode ser de detenção de um mês a um ano, além de multa).
“Pretendemos estender essa ação para outros locais da cidade. É interessante o caráter multidisciplinar de combater a dengue – uma preocupação nacional dos dias atuais – e conseguir melhorar a acessibilidade da população”, comenta Marta Lima. Bem que poderia haver uma operação conjunta dessa, também, nas das praias do Pina e de Boa Viagem, para punir barraqueiros que descartam o lixo na areia. A Vigilância Sanitária até que passa, porém para fiscalizar a qualidade dos alimentos, se há comida sendo preparada na praia (o que não é permitido). O descarte incorreto de lixo precisa sim, ser coibido, coisa que a campanha Praia Limpa (“bote o lixo no saquinho”) é impotente para resolver. E a Prefeitura, há várias gestões, parece não ver os infratores.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Secon / Divulgação