Amor de Nassau e Anna de Ferro

Depois do sucesso de  Senhora de Engenho, entre a Cruz e a Torá, o Diretor Emanuel David D´Lucard leva ao palco mais um tema histórico. Dessa vez, Anna de Ferro, a Rainha dos Tanoeiros, que conta o caso de amor entre um príncipe e uma cortesã do cais do porto, no Recife do século 17. Ele, ninguém menos que o Conde Maurício de Nassau. Ela, uma mulher que deu o que falar ao desembarcar na colônia, em trajes masculinos. Depois abriria um famoso bordel na cidade, tendo o então governador do Pernambuco como amante. A estreia acontece às 20h do dia 29, no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro.

Mais uma oportunidade para conhecermos melhor a nossa história, já lembrada com tanta propriedade no espetáculo anterior de Luccard, que levou a saga de Branca Dias a festivais em vários estados e até no exterior. Inspirado no poema de Vital Correia Araújo e em pesquisas do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, a carioca Miriam Halfim criou o texto histórico com lampejos de ficção para contar o romance de Anna de Ferro, que ocorreu no período de dominação holandesa, quando Nassau era Governador de Pernambuco. Ela cria personagens reais em situações que podem muito bem ter ocorrido nos séculos passados. Anna parece ter sido uma mulher à frente do seu tempo.

Pelo menos. a julgar pelas informações repassadas ao #OxeRecife pela produção da peça. “Ana de Ferro causa alvoroço nas normas da colônia, quando vem da Europa travestida de homem. Na capital pernambucana compra Zambi, um escravo”. Ao invés de explorá-lo, como era comum naquela época, “logo o declara amigo”. Ela “forma parceria com outra cortesã, Maria Cabelo de Fogo, e abre um dos bordéis mais frequentados na Rua dos Tanoeiros”. Para completar, vive “uma apaixonante e breve história de amor” com Maurício de Nassau. O espetáculo tem patrocínio do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco, e é encenado pelo Grupo Risadinha, de Camaragibe, formado por atores do Teatro Popular de Camaragibe, responsável pela encenação Senhora de Engenho Entre a Cruz e a Torá, sobre Branca Dias, figura lendária e ainda hoje muito lembrada em nossa história.

Anna de Ferro Rainha dos Tanoeirosconta com uma trilha sonora contemporânea que traz releituras de músicas que vão de Edith Piaf a Marília Mendonça, passando por obras como Hallelujah e Assum Preto. A trilha sonora tão distante do século 17 faz sentido. Porque o diretor escolheu criar uma ponte entre os séculos 17 e 21, elencando perspectivas sobre gênero, religião e racismo. Disposto numa forma de passarela, a direção insere o público na cena, em busca de uma reflexão social. Separando homens e mulheres para conseguir tal feito. Na encenação anterior, sobre Branca Dias, o público praticamente participava da encenação. “É um espetáculo que trata de amores impossíveis, que busca desconstruir o estereótipo dos que vivem nas margens sociais, expondo a humanidade latente por meio dos sentimentos mais profundos”, diz Lucard. “E que propõe reflexões de períodos tão distantes, mas que passam pelos mesmos paradigmas sociais”, completa.

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Serviço:
Peça: Ana de Ferro, Rainha dos Tanoeiros do Recife
Local: Teatro Marco Camarotti/SESC Santo Amaro, Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro – Recife-PE
Datas: 29 e 30 de Agosto e 05 e 06 de Setembro, terças e quartas-feiras
Horário: 20h
Duração: 80 min
Ingresso: Inteira R$20,00 Meia R$10,00
Informações: 3216-1728 // 99536-4746 // 98705-1571 // 99646-7828

 

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação 

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