Uma rica história que aconteceu no século 16, e uma mulher lendária de cuja vida se fala até hoje. Não é à toa, portanto, que a saga da judia Branca Dias faz sucesso nos palcos há exatamente treze anos. E uma boa oportunidade para mergulhar na vida da mulher que desafiou a Inquisição em Portugal e no Brasil é assistir o espetáculo “Senhora de Engenho, entre a Cruz e a Torá”, que será encenado nessa sexta (5/9) e no sábado (6/9), no Casarão Maria Amazonas, em terras do antigo Engenho Camaragibe.
O casarão é o mais famoso daquelas bandas, que se enxerga no alto de uma colina, logo ao se chegar no município, que é vizinho ao Recife. Encenar a peça no local é uma ação revestida de significados, já que o sobrado fica justamente em terras que pertenceram a Branca Dias . Já assisti a peça teatral no Casarão e tem todo um clima pois, no passado aquelas terras todas eram de engenhos de Diogo Fernandes, marido dela, e que veio para o Brasil bem antes da família. Na verdade, já vi três vezes essa montagem: uma no Teatro Marco Camarotti (em Santo Amaro); outra no Casarão; e uma terceira na Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, e que fica na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo.
Quem não conhece a história de Branca Dias e tem curiosidade de saber sobre a mulher que virou lenda, eis uma boa oportunidade para mergulhar no século 16, quando ela chega a Pernambuco, descobre que o marido a traiu no Brasil e tinha até filha com outra mulher, e como ela contorna a situação ao chegar na casa grande em companhia dos filhos. Antes, em Portugal, fora delatada pela própria mãe e pela irmã,que não queriam que ela atravessasse sozinha o oceano com os filhos. Presa pela Inquisição, não tinha como fugir para o Brasil, até convencer o Santo Ofício que seus filhos precisavam da mãe.
Ao ser libertada, continuou seguindo as leis da Torá, mas colocava uma cruz na frente da casa do Engenho Camaragibe, para driblar a perseguição da Igreja Católica. Enfrentou um incêndio da propriedade provocado pelos índios. Fez amizade com o poeta Bento Teixeira, fundou a primeira escola particular do país e, viúva, lutou para tirar os engenhos do marido da crise em que se encontravam.
A montagem da peça é simples, mas mostra a criatividade do diretor Emanuel David D’ Lucard (na foto abaixo, de camiseta branca). E encanta a todos que assistem. A encenação tem estrada: andou por várias cidades de Pernambuco, apresentou-se no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro e até no Chile. A peça é sempre bem recebida pelo público e crítica por onda passa. Vá assistir. Você não vai se arrepender.
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Serviço:
Senhora de Engenho Entre a Cruz e a Torá,
Quando: sexta e sábado, 5 e 6 de setembro
Horário: 19h30m
Onde: Casarão de Maria Amazonas, AV. Belmino Correa, s/n, centro, Camaragibe-PE
Ingressos: Inteira: R$ 60.00
Meia: R$ 30.00
Informações (81) 99536-4746
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
