Alunos da rede estadual fazem emocionante homenagem a Osman

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Se vivo fosse, o escritor Osman Lins (1924-1978) estaria completando cem anos no próximo mês de julho. E provavelmente teria ficado muito emocionado, na noite da quinta-feira, ao ver a forma como foi lembrado e interpretado por alunos da rede estadual de ensino durante o encerramento da XXVI Semana de Estudos Linguísticos e Literários. O encontro aconteceu na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e mobilizou não só acadêmicos, como profissionais de várias áreas, professores, doutores, pós-doutores, professores do ensino básico e também estudantes da escola pública.

Os debates e atividades tiveram como tema “O Visitante das Palavras – Homenagem ao Centenário de Osman Lins” – e a meninada fez bonito. É que nesse primeiro semestre, cerca de 90 escolas da GRE Metropolitana Sul, que congregam uns 10 mil alunos discutiram, estudaram e trabalharam a prosa do autor de “Os Gestos”, “O Visitante”, “Nove, Novena”, “Avalovara” ,entre outros. E também da peça “Lisbela e o Prisioneiro”, que virou filme e bilheteria de sucesso e que vem a ser a obra mais popular do escritor pernambucano.

Maria Kamile Batista fez xilogravura inspirada na peça “Lisbela e o Prisioneiro”

Os alunos escreveram cartas para Osman, criaram xilogravuras inspiradas em seus textos,   fizeram intervenções artísticas a partir do seu trabalho e levaram à emoção o Professor Robson Teles (de camisa preta na foto superior), que foi o organizador da Semana. E que é autor de ação que tenta aproximar a literatura osmaniana dos jovens e motivar a formação de novos “leitores literários”.  Além da expô com “xilos” e cartas, os estudantes também fizeram um recital, “Um noivado em cordel”  (inspirada na narrativa “Noivado”, de “Nove, Novena”. E ainda encenaram “Morte e vida Frederico”, ia partir da peça “Lisbela e o Prisioneiro”.

Antes de tudo uma explicação: GRE Metropolitana Sul é a Gerência Regional de Educação do Estado, que congrega os municípios de Camaragibe, São Lourenço, Moreno, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Cada GRE tem a chamada Pasta de Biblioteca Escolar, que é formada por três professores que são técnicos formadores. No caso da GRE em questão, Danilo dos Santos Silva (de camisa branca na foto superior), Soraya Pedrosa e Joana Veloso.

O estudante Cauã Robson, da Eram Ipojuca, fez um retrato a lápis de Osman e presenteou os familiares.

A equipe escolheu o autor pernambucano para trabalhar com os estudantes. E, depois, desmembrar o que eles leram em diversas linguagens.“A gente pegou alguns contos e espalhou pelas escolas. Os alunos foram se inspirando e o resultado surpreendeu”, afirma Danilo, ex-aluno de Robson.

E fica aqui a sugestão, para que a exposição sobre Osman Lins pela ótica dos estudantes seja levada à Biblioteca Pública Estadual, ali próximo ao Parque Treze de Maio. Infelizmente, a mostra durou só um dia na Unicap. Quem esteve lá ficou maravilhado com o que viu e com a revelação de tantos jovens talentos.

Tenho certeza que meu pai teria sim, ficado emocionado, principalmente da forma como seus textos foram interpretados. Chamaram atenção não só as xilogravuras inspiradas na obra (eles tiveram oficinas sobre a técnica) como as cartas produzidas. A de Jayane dos Santos Fernandes, fez Robson ir às lágrimas. Ela escolheu um trecho do conto do livro “Os Gestos”, no caso “O Navio”, no qual o autor descreve uma cena de praia. E a menina afirmou:

“Me inspirei nessa parte, pelo fato dela retratar o que para uns é uma das melhores sensações do mundo, observar o belo, a grandeza do mar, os mistérios da noite, o céu e seus encantos, ao lado da pessoa que amamos, enquanto deixamos o mundo caótico de lado nem que seja pelo mínimo tempo de ver uma jangada passar e contemplar e beleza do céu encontrando o mar”.

Foram tantas coisas lindas ditas, que nem dá para colocar tudo aqui. Fica Jayane para representar todas as turmas. No final, uma surpresa. Eu, Letícia, Litânia (minha irmã mais velha) e Ângela (caçula) – as três filhas de Osman Lins (foto acima) – receberam um presente, um desenho a lápis feito pelo aluno Cauã Robson, de Erem em Ipojuca, cidade localizada a 57 quilômetros do Recife. Os estudantes também produziram cordéis sobre o escritor, que fez da palavra a sua razão de viver. O assunto não esgota aqui, e voltaremos a falar sobre o impacto que a obra de Osman Lins provocou nos jovens leitores. O que é muito bom. E torcemos para que as outras GREs sigam o bom exemplo da Metropolitana Sul. Parabéns a Robson Teles, à equipe de professores técnicos formadores, aos alunos da Unicap e da rede estadual  e a todos que participaram do evento.

No vídeo abaixo, depoimento de uma aluna do projeto. Nos links, mais informações sobre Osman Lins

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Osman Lins Neto

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