Pessoas de várias profissões discutem obra de Osman. Há pontos em comum?

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Organizador da XXVI Semana de Estudos Linguísticos e Literários – com edição tendo como tema “O visitante das palavras, Homenagem ao Centenário de Osman Lins” – o professor Robson Teles teve uma  sacada genial: chamar pessoas de diferentes profissões para a mesa temática “Nove visitas a Nove, Novena, depoimentos do leitor literário”. O livro foi o primeiro a projetar o escritor internacionalmente. O resultado da escolha do professor foi uma noite de leveza e de diferentes visões da obra do escritor pernambucano. Mas sobretudo de emocionantes mergulhos nas nove narrativas e como estas mexeram na vida dessas pessoas.

Entre os depoentes, alunos ou ex-alunos de Robson, como Cacau de Paula (Secretária de Cultura de Pernambuco, foto abaixo) e   Mateus Oliveira Gomes da Silva (estudante na Unicap e professor alfabetizador). O encontro ocorre na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e termina nessa quinta-feira (16/05). Infelizmente três pessoas não puderam ir na noite da quarta-feira: o mediador Lourival Holanda (presidente da Academia Pernambucana de Letras; Dani Portela (deputada estadual, historiadora e advogada);  e Renata Victor (fotógrafa e professora da Unicap). Robson pediu a cada uma das nove pessoas que lessem uma narrativa ou conto por ele pré-determinados. Assim, cada qual falou sobre um conto diferente.

Cacau, Secretária de Cultura de Pernambuco, foi uma das pessoas escolhidas para ler Osman: ex-aluna

Vou colocar, aqui, pequeno trechos sobre o que disseram os depoentes, na qualidade de leitores de “Nove Novena”:

“O pássaro transparente” (José Tadeu, filósofo, que substituiu Renata Victor): “Osman não deixa personagem sem caracterização específica e ambientes sem detalhe”.
“O ponto no círculo” (Dario Brito, professor da Unicap, que substituiu Dani Portela):  “O conto me levou a lugares desconhecidos da narrativa e a lugares desconhecidos de mim mesmo”.
“Pentágono de Hann” (Cacau de Paula, Secretária de Cultura de Pernambuco e jornalista): “A vida é assim. A gente não separa os momentos, eles vão se atravessando um aos outros”.
“Os confundidos” (Leidson Ferraz, jornalista, produtor cultural, doutor em artes cênicas): “Casal vive relação tóxica ao extremo. O texto tem interrogações, frases e palavras muito duras como “navalhas de suspeita”. A gente termina e não sabe quem traiu quem, ou mesmo se houve traição”.
“Retábulo de Santa Joana Carolina (Betuel Gomes da Silva, fisioterapeuta): “A leitura foi tão impactante, que cheguei a parar para tomar água, respirar. O nono mistério para mim é o melhor quando ele mostra duas vezes como foi criado o mundo. Parece até que a divindade pegou a mão de Osman na criação do texto. Já os últimos mistérios foram, para mim, uma apoteose”.
“Conto barroco ou unidade tripartita” (Padre José Marcos Gomes de Luna): “O texto provoca inúmeros olhares, é caleidoscópico. Mas mostra a ética, que as pessoas mais suspeitas podem ter, enquanto as que parecem certos não cumprem o seu dever. Ele faz provocações, mas se aproxima do sagrado”.
“Pastoral” (Nathalia da Mata Atroch, Mestra em sociologia pela UFPE,  professora):  “A primeira impressão é de um emaranhado de palavras. Depois, a gente descobre a história do pastor, alguém que cuida, que protege. História de realizações e frustrações”.
“Noivado” (Mateus de Oliveira Gomes da Silva): “Pelo título, pensei que fosse algo romântico. Conta a saga de casal que ficou noivo por 24 anos e texto leva personagens e leitor a reflexões profundas sobre escolhas”.
“Perdidos e achados” (Rinalda Cordeiro Siqueira Costa Ferraz, mestra em ciências da linguagem e Professora de Geografia da educação básica: “O conto que relata a história do pai que perde o filho na praia, nos faz repensar o tempo e o espaço”.
Sobre Osman Lins (Rosana Teles, mediadora): “A obra de Osman é marcada pela busca de um rosto, o da mãe, que morreu poucos dias após ele ter nascido, e da qual não sobrou – sequer – uma fotografia. E mesmo vista de diferentes olhares, há características presentes que são como um fio unindo toda a obra: importância do detalhe, tempo, espaço, perspectiva”.

No Serviço abaixo, você confere o que vai rolar hoje. E nos links pode ler mais sobre Osman Lins. E no vídeo, disponível no YouTube, os debates.

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Serviço:
Evento: XXVI Semana de Estudos Linguísticos e Literários – O Visitante das Palavras, Homenagem ao Centenário de Osman Lins
Quando: de 14 a 16 de maio
Programa dessa quinta, 16: Visitas artísticas à obra de Osman Lins
18h30: Exposição Cenas e Vidas em Osman (no Espaço Receptivo da Unicap)
Exposição Fotográfica – Palavraimagens em “Perdidos e Achados” (Espaço Receptivo)
Auditório G1 – Intervenções artísticas, com recital e dramatização inspirada em Lisbela e o Prisioneiro
Encerramento: com Flávia Tavares e Robson Teles

Texto e fotos: Letícia Lins/ #OxeRecife

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