A vida difícil de Maria Clara, primeira trans brasileira que virou refugiada

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A vida de Maria Clara de Sena, pernambucana de Camaragibe, nunca foi fácil. Ela é tida como a primeira trans brasileira a ganhar o status de refugiada, devido a perseguições e ameaças por conta de sua orientação sexual. Também foi a primeira transexual a assumir o cargo em Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, órgão parceiro da ONU. Chegar lá, no entanto, não foi fácil. Foram anos de dureza, a começar pela infância. De luta e de muita resistência.

“Morri aos nove anos, ao ter que limpar o sangue do meu pai”, relata, ao lembrar do pai assassinado. Era ele quem garantia o sustento da casa. Antes da morte dele,  chegou a apanhar os pais, em um tempo que “nem sabia o que era gênero”. Ela relata pensar que “eu era o problema”. Foram anos difíceis que se seguiram, com passagens por drogas e prostituição por vários estados brasileiros. Sua vida mudou quando conheceu o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo – GTP+ – que lhe indicou novos caminhos. Através da ong descobriu como lutar em defesa dos direitos humanos. Sua história, no entanto, só ganhou projeção internacional quando decidiu contar sua vida aos meios de comunicação, em Toronto.

Toronto é a cidade onde ela mora hoje. Maria Clara formou-se em Serviço Social e passou a atuar em presídios, em defesa de minorias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Mas sofria violências, sendo agredida várias vezes devido à sua opção sexual. Até teve uma arma apontada para sua cabeça por um agente penitenciário, que a chamava de “veado preto”. Soube, depois, que sua vida corria risco, até que conseguiu ajuda de uma entidade para mudar-se para o Canadá, na condição de refugiada (quando uma pessoa muda de país, porque não sente segurança no seu).

Por conta da pandemia, o Dia do Orgulho LGBTI passou quase em silêncio, sem manifestações de massa, por conta da pandemia. A data é festejada em 28 de junho, e para não passar em branco, o  GTP+ decidiu promover nesta terça (30), live com o tema: Orgulho LGBTI e os Desafios na Atualidade. Será às 17h. Com perdão do trocadilho, Maria Clara de Sena é convidada,claro. “É a primeira trans refugiada do Brasil e atualmente é participante do projeto Trans Latina Ontario e trabalha pelo CRC self-help no Canadá”, informa a Ong. O mediador do bate-papo é Henrique Costa,  assistente de projetos do GTP+ e ativista do Movimento Negro. Agende-se para a live super, e faça suas perguntas através do Instagram @gtposithivo. A iniciativa conta com o apoio da @ahf.brasil

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / GTP+

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