Paulo André Pires: “Memórias de um motorista de turnês”

No Recife, não há quem não conheça Paulo André Pires, principalmente aqueles que esperavam abril chegar, pelo ano inteiro. É que era o mês em que acontecia o Abril Pró Rock, festival que atraía multidões e gente não só do Recife como de outros estados e até do exterior. Ele foi o criador do festival que não só abria espaço para grupos da terra que ali se revelavam, como  também trazia bandas internacionais. O Abril Pró Rock era tão importante, que jornalistas de várias partes do país se deslocavam até o Recife, para fazer a cobertura do evento. Ao mesmo tempo que organizava as edições do Festival, o seu criador viajava levando bandas daqui para voos mais altos. Inclusive no exterior.

Muitas dessas curiosas vivências estão inéditas para o grande público. Não serão mais. Produtor, ele costumava atuar como tradutor e até motorista, nas viagens que fazia levando bandas para apresentações. Durante a pandemia, ele passou a postar essas memórias no Instagram. Agora, elas foram transportadas para as páginas de livro, que será lançado no dia 13 de agosto, às 16h, no Centro de Artesanato de Pernambuco, que fica na Avenida Alfredo Lisboa, ali, bem juntinho ao Marco Zero, no Bairro do Recife.  O livro Memórias de um motorista de turnês,  tem 164 páginas e sua publicação é iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Entre as turnês internacionais relatadas no livro, constam as bandas Chico Science & Nação Zumbi, Devotos, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Cabruêra (PB) e Dj Dolores & Orchestra Santa Massa. O que faz do livro também um registro histórico da cena musical recifense dos anos 1990. A publicação configura ainda uma homenagem aos 30 anos do Manguebeat, celebrados este ano. Colecionador desde a infância, Paulo André é dono de uma memorabília preciosa daquela década.  “Quando vejo os objetos, as fotos, os flyers, as fitas-demo, eles me trazem lembranças não só de situações como dos próprios diálogos”, declara o autor no prefácio do livro, que é rico em fotografias. Paulo André conta que foi graças a essas memórias que, no início da pandemia de Covid-19, criou uma página no Instagram e começou a relatar suas lembranças. Como as dos três anos em que viveu em São Francisco, na Califórnia (EUA), na década de 1980, onde trabalhou dirigindo uma van para recolher carrinhos de supermercado. De volta ao Recife, Paulo conta sobre o período em que teve a loja de discos Rock Xpress, e sobre quando começou a produzir shows e dirigir nas turnês. Nesses momentos ele revela histórias íntimas de bastidores com os músicos que produzia, e também com bandas nacionais.

E até mesmo com bandas  gringas com as quais interagiu. Porém, ele acha que não esgotou assunto. “Ainda pretendo escrever um livro mais detalhado da história da minha experiência com Chico Science & Nação Zumbi. Um livro das histórias do Abril Pro Rock. Um livro só sobre meus anos na América. E, claro, o nada acadêmico Como produzir uma banda, diz ele.  E acrescenta:

“Espero que essas lembranças de um motorista de turnês possam gerar um pouco mais de interesse pela memória musical através da memorabilia, palavra pouco usada e pouco conhecida no Brasil.”

Segundo Paulo André, o livro fala, também, dos três anos que viveu em São Francisco, onde testemunhou a projeção mundial (ou os anos de maior intensidade) das bandas do thrash metal da chamada Bay Area, como Death Angel, Violence, Testament, Exodus e Forbbiden — além da maior delas, a Metallica. Fala também da cena do rock funkeado pesado de Faith No More, Primus e Mordred. “Depois, falo do underground pernambucano — da minha volta ao Brasil, quando abri uma loja de discos e, logo a seguir, comecei a produzir shows.”

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Serviço:
Lançamento do livro Memórias de um motorista de turnês (Cepe Editora), de Paulo André Pires

Quando: 13 de agosto
Onde: Centro de Artesanato de Pernambuco (Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife)
Horário: 16h
Preço: R$ 50 (livro impresso); R$ 20 (e-book)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cepe / Divulgação

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