Ebomi Ceci, mais conhecida por Vovó Cici, é a sabedoria em pessoa. Na noite da sexta-feira e no sábado, ela lotou o auditório do Centro Luiz Freire, em Olinda, para falar de sua experiência na Fundação Pierre Verger. Cici trabalhou com o fotógrafo (1902-1996), a quem ajudou a legendar 11 mil fotografias, que retratam as andanças do também etnógrafo pelo mundo, e que escolheu o Brasil para morar, fixando-se em Salvador. Como o etnógrafo, Cici anda pelo mundo. Ensinando e, diz ela, também aprendendo.
Conta que foi na África que entendeu melhor o que é o Brasil, o seu povo, a sua identidade e a sua história. Hoje discorre sobre a origem dos orixás, sobre o começo do mundo pela ótica das religiões de matrizes africanas, conta histórias que são lições de vida para crianças que são atendidas em um projeto social da Fundação, que funciona no bairro de Engenho de Brotas, em Salvador. “Aqui no Brasil não há uma divulgação cultural precisa sobre quem somos e nossas origens, e nossa história está muito perdida ou pré moldada pela mídia”.
É lá em Salvador, na sede do Centro Cultural Pierre Verger, que Ebomi Cici reside. E é lá, também que recebe sociólogos, antropólogos, pesquisadores, estudantes do mundo inteiro. E ali recebe meninos e meninas carentes a quem ensina histórias das tradições africanas. Convive com o mundo acadêmico inclusive do exterior, com o mesmo discernimento que conversa com crianças carentes, atendidas no seu projeto social. Vovó Cici não chega para quem quer. Ela é do mundo, e recebe solicitações de todas as partes do planeta para falar sobre a cultura afro, sobre o Brasil, sobre sua convivência com Verger, um dos maiores fotógrafo do mundo. Vovó tem histórias para adultos, para crianças. Na sexta, falou para uma plateia mista. Encantou homens e mulheres com sua arte de contar, e deu lições de ética, de boa alimentação, de como viver, para as crianças. E também para quem quis aprender, porque viver é uma arte, e nem todo mundo sabe ou descobre a melhor forma de exercê-la. Eu fiquei encantada com a Ebomi.
Ela tem luz, energia, carisma, vida, sabedoria. E cada história, tem que ter um batuque, da mesma forma que cada batida reverencia um orixá. Ela também foi, no sábado, ao Centro Cultural Bongar, onde falou de sua experiência no terreiro Ilê Opô Aganju, que fica na Bahia. A Ebomi deu oficinas de música e danças, mostrando a coreografia e a musicalidade de cada ritual religioso. Hoje ainda tem Vovó Cici. Ela vai estar às 15h no Paço do Frevo, na Praça do Arsenal. Não perca essa oportunidade única. Se todos nós tivéssemos metade da sabedoria da Ebomi, o mundo seria muito mais fraterno e também melhor. Vovó Cici, uma das maiores contadoras de histórias da cultura afro-brasileira, adorou Olinda, cidade que não conhecia. “Ando tanto pelo mundo e nunca tinha vindo a Olinda. Gostei muito da cidade, que tem uma história em cada esquina”.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Andréa Rego Barros (PCR)
Que maravilha!!!! Se estivesse em Recife iria prestigiar o evento. Ebomi Cici realiza um belíssimo trabalho na Fundação Pierre Verger. Parabéns pela iniciativa a atividade.