Sinceramente, eu sou muito mais o São João do Recife, do que aquelas festas grandiosas e – em alguns casos – bem descaracterizadas como as que a gente está acostumado a ver em algumas cidades do interior do Nordeste, inclusive aqui mesmo, em Pernambuco. Embora sem a megalomania de festas como as que ocorrem em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), os festejos juninos da capital pernambucana não deixam nada a desejar em relação aos que ocorrem em arraiais famosos e movimentados por artistas que, muitas vezes, nada têm a ver com a tradição da festa.
E apesar da sofisticação das quadrilhas – atualmente movidas e brilhos e fantasias luxuosas – o lado raiz da segunda maior festa popular da cidade ainda é muito forte. E uma prova disso é a Procissão dos Santos Juninos, cuja concentração começa logo mais, às 16h, no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife. A concentração de bandeiras e grupos acontece em frente ao Santuário. A partir das 17h, ocorre a sagração das bandeiras coordenada pelos redentoristas do Santuário. Por volta das 18h, o cortejo desde o Morro e segue para o Sítio da Trindade, onde funciona o arraial mais tradicional do Recife. No cortejo, descem não só bandeiras de santos juninos, como blocos carnavalescos em ritmo de forró, bacamarteiros e outras atrações típicas dessa época do ano.
Os santos juninos homenageados na cerimônia são São José, Santo Antônio, São João e São Pedro. Algumas pessoas estranham a presença de São José, santo geralmente associado às festas natalinas, por ser o pai de Jesus Cristo. Mas no Nordeste, São José é lembrado por ser no dia a ele dedicado (19/3) que se começa o plantio de milho. Caso chova, os nordestinos acreditam que a colheita será farta. Como o ciclo do milho é de três meses, a colheita ocorre no período junino, já que o milho é a base da culinária típica dessa época.
“As festividades juninas têm as bênçãos dos seus santos padroeiros, que são muito populares, reverenciados com fervor pelo povo da nossa região. Entre tantas marcas bem particulares desse ciclo cultural, esta religiosidade se manifesta fortemente, como acontece na Procissão dos Santos. A sagração das bandeiras, na Igreja do Morro da Conceição, a ocupação das ruas em cortejo, a chegada a um polo de festa, tudo isso congrega um importante sentimento de comunidade, que se junta em fé e em comemoração”, afirma o secretário de cultura do Recife, Ricardo Mello.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Andrea Rego Barros / Divulgação / PCR
