As aves estão entre os animais silvestres mais disputados pelo tráfico. Além disso, ainda existe uma cultura muito forte de que pássaro seja animal de estimação, para viver em gaiola. Um PET. Mas não é assim. As aves nasceram para voar, para que vivam livres na natureza, onde exercem seu papel inclusive na disseminação de sementes, embora haja quem considere agradável tê-los presos, para ouvir o seu canto sempre por perto. Estão aí as sabiás, os curiós, os galos-de-campina que não deixam mentir.
Nessa semana, mais de 130 pássaros nativos retornaram, à natureza, devidamente reabilitados e preparados para a vida selvagem. A soltura foi realizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh), na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas, que fica no município sertanejo de Betânia, localizado a 394 quilômetros do Recife. Com cerca de 1.485 hectares, a unidade de conservação é uma das mais antigas do Estado sob domínio privado. E recebe iniciativas como soltura de animais e oficinas infantis de educação ambiental.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, participou da reintrodução dos animais à natureza. A maior parte era proveniente do tráfico. “Os responsáveis pela RPPN Maurício Dantas têm o objetivo de implementar um plano de manejo e utilizar a reserva de patrimônio natural como uma área de preservação e educação ambiental”, contou Bertotti. “Eles souberam, por meu intermédio, que o Cetas faz esse trabalho de recolher mais de 15 mil espécies vítimas de tráfico, por ano, realizando uma quarentena com os animais e cuidando de sua reintrodução na vida silvestres”, contou. O Cetas ao qual se refere é o Centro de Triagem de Animais Silvestres da Cprh (Cetas Tangara), que é o órgão legalmente responsável em Pernambuco pelo acolhimento, reabilitação e preparação de animais para a reintrodução à natureza.
Dentre as espécies que voltaram à vida livre estão: Papa capim (Sporophila nigricollis), Galo de campina (Paroaria dominicana), Sanhaçu cinzento (Tangara sayaca), Tiziu (Volatinia jacarina), Sibito (Coereba flaveola), Patativa (Sporophila albogularis), Tico tico (Zonotrichia capensis), Canário da terra (Sicales flaveola), entre outros. A soltura teve a coordenação técnica do gestor do Cetas Tangara da Cprh, Yuri Valença. Após a soltura de pássaros silvestres, foi desenvolvida uma atividade com abordagem pedagógica e lúdica com crianças vindas do povoado de remédios, localizada a 9 km da reserva. Já à tarde, houve a preparação de uma área que receberá o plantio de diversas mudas nativas da caatinga.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh e Acervo #OxeRecife