Já era tempo de se tomar uma decisão, em relação à histórica Praça Dezessete, uma das mais bonitas do Recife, que desde a gestão passada encontra-se jogada à própria sorte: tomada por moradores em situação de rua, cheia de lixo, sendo utilizada como mictório e com a vegetação destruída. Nessa segunda-feira (8/4), a Prefeitura e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) firmaram um contrato de adoção da Praça Dezessete, no bairro de Santo Antônio.
Trata-se de uma iniciativa mais do que necessária. E oportuna. Pois além da Praça estar a cada dia mais degradada, ela fica ao lado do Fórum Thomaz de Aquino, uma das unidades do TJPE, e onde funciona a Corregedoria Geral da Justiça, naquele prédio que já foi um dia o mais sofisticado hotel do Recife, chegando até a hospedar a Rainha Elizabeth, da Inglaterra no século passado. O Tribunal ficará responsável pela conservação do espaço público pelo prazo inicial de cinco anos. Quem sabe o TJPE consegue uma parceria para embutir essa fiação horrorosa (foto abaixo) que polui a beleza da Praça.

O convênio para a adoção foi assinado pelo prefeito em exercício, desembargador Ricardo Paes Barreto, e o desembargador Fausto Campos, primeiro vice-presidente do Tribunal e que está à frente do judiciário pernambucano. Também participaram da cerimônia a secretária de Infraestrutura do Recife, Marília Dantas; o secretário de Governo e Participação, Aldemar Santos; e o chefe da Procuradoria Municipal, Pedro Pontes. Ultimamente o TJPE vem dando um cuidado especial aos jardins de sua imponente sede, que fica em frente à Praça da República. Um deles, na Rua do Imperador, está repleto de antúrios e até chama a atenção dos pedestres.
“Eu falei com com o prefeito João Campos, no dia da transmissão de cargos, que gostaria de adotar aquela praça enquanto poder judiciário. Vamos requalificar ela toda, cuidar do jardim e recuperar a estátua. Precisamos, como poder judiciário, participar com a sociedade daquilo que faz parte do nosso ambiente, como a praça em questão”, declarou o prefeito em exercício, Ricardo Paes Barreto. Pelo acordo celebrado hoje, o TJPE ficará responsável pela conservação e manutenção do espaço público, podendo instalar equipamentos necessários à realização dos serviços, mediante prévia autorização da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), e sem que comprometa em caráter permanente o uso ou a estética da praça.

Fincada entre a Rua do Imperador e à margem do Rio Capibaribe, no bairro de Santo Antônio, a Praça Dezessete foi batizada numa referência ao movimento republicano de 1817. Mas a sua história é bem mais antiga, pois o logradouro teve origem no adro do primeiro templo calvinista construído na Cidade Maurícia, em 1642. O conjunto arquitetônico seiscentista sediaria um colégio jesuíta até 1759. Após vários usos – de correios à faculdade de direito – o prédio foi ocupado pela Irmandade do Divino Espírito Santo, em 1855. Só em 1922, o local se chamaria Praça Dezessete.
Posteriormente, ganharia Monumento Português à Aviação, lembrando a primeira travessia do Atlântico Sul feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922. Também recebeu uma fonte em cantaria com a estátua de uma índia representando a nação brasileira. Teve origem no adro do primeiro templo calvinista construído na Cidade Maurícia, em 1642. Seu projeto paisagístico, elaborado em 1930, é de autoria do arquiteto Burle Marx. Resta, agora, arranjar quem cuide do Cais do Imperador, que fica defronte da Praça 17, e que foi abandonado desde a pandemia.
Nos links abaixo, confira mais informações sobre outras praças do centro do Recife. O #OxeRecife vive de olho nas praças não só do centro, como também dos bairros. E também nos parques e jardins da cidade. Confira.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife