Em todos os lugares, os trens são eficientes meios de transporte, de pessoas ou de cargas. No Brasil, pelo menos em Pernambuco, acabaram com a linha férrea. Tanto que, há alguns dias, o Grupo Andarapé fez duas caminhadas (uma no sábado e outra no domingo), pelos trilhos e túneis pelos quais os vagões passavam, no passado, cheios de gente. O roteiro foi em Gravatá, a 80 quilômetros do Recife.
Hoje o apito e a fumaça ficam na lembrança. Na trilha pela linha férrea, foram sete quilômetros em cada caminhada, suficientes para se presenciar o abandono das linhas de ferro, das dormentes, dos túneis. Um crime praticado pelos nossos gestores, ao longo do tempo. Sem uso, alguns túneis estavam infestados de morcegos, ao ponto dos caminhantes usarem máscaras, para suportar o odor deixado em montanhas de excrementos dos mamíferos voadores.
Em algumas cidades, as antigas e bonitas estações ferroviárias estão ruindo. Em outras, como Gravatá e Garanhuns – ambas no Agreste – elas se transforam em casas de cultura. Nossos trens, que cortavam parte do Estado, viraram peças de museu. Lembro que, na minha infância, quando viajava para Vitória de Santo Antâo (terra do meu pai), eu e minhas irmãs, exigíamos, sempre, que a viagem fosse de trem. Porque, ao contrário do ônibus, os vagões tinham seus encantos. E as paisagens à margem da linha férrea eram mais bucólicas,mais campestres, mais bonitas. É uma pena que o trem, hoje, só sirva para alimentar saudosas memórias dos tempos de criança. E que suas linhas férreas sirvam apenas para passeios a pé.
Texto: Letícia Lins / #oxeRecife
Foto: Andarapé/ Cortesia
Boa noite Letícia
Parabéns pela sensibilidade ao falar do trem.
Memória que precisa ser regada para não se perder na estrada da vida.
Muitas lembranças deixou, muita gente aproximou, muitas esperanças e saudades transportou pelos trilhos que hoje não conduzem a lugar nenhum.
Abraço
Lindo comentário, Fátima!
MUITO SHOW