Tráfico: Jabutis ganham liberdade

Não tem jeito… O tráfico de animais silvestres não dá mesmo trégua.  Se a Interpol e a Polícia Federal fizessem uma busca nas redes sociais, iriam descobrir muita coisa. As pessoas criam em casa animais como papagaios e colocam nas redes sociais. Se formos para as postagens internacionais, a coisa fica ainda mais feia: tem gente exibindo leões e leoas na sala, tomando café com urso e os macacos – de diversas espécies – agora são tratados como pets. A exemplo de animais já domesticados – como cães e gatos – eles aparecem com looks variados, que vão de roupas de paetês e vestidos de tecido diáfano, macacões, camisa de xadrez, roupas de bebês.

No Brasil, ainda existe uma cultura de que animais como pássaros devem viver em gaiolas. Até mesmo jabutis, são alvo de traficantes. No Recife, por exemplo, existem alguns mercados públicos onde os quelônios são oferecidos para que sejam criados como pets, embora esse bicho não pareça criar vínculos afetivos como cães e gatos, por exemplo. Segundo os especialistas, anualmente o Brasil perde 38 milhões de animais silvestres. Eles são retirados da natureza para o tráfico de animais silvestres, cujos valores movimentados, no mundo, só perdem para o tráfico de drogas.  A Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) informa que 50 jabutis acabam de ser repatriados do Rio de Janeiro e devolvidos à natureza.

Jabutis foram liberados em matas na região de caatinga de Pernambuco:. Estavam no Rio de Janeiro.

Os jabutis (Chelonoidis carbonarius) foram liberados em numa área de caatinga arbórea, localizada entre os municípios de Arcoverde, Buíque e Ibimirim, região de transição do Agreste Meridional e Sertão do Moxotó.  Segundo o analista ambiental da Agência Estadual de Meio Ambiente e (CPRH) e coordenador da operação, Eduardo Vasconcelos, os animais vão repovoar a Caatinga. “Atualmente, esses animais são muitos raros neste bioma”, explica.

Os jabutis fazem parte de um lote de mais de 300 bichos que foram aprendidos e repatriados, há dois meses, do estado do Rio de Janeiro. Eles  foram enviados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas Tangara), administrado pela CPRH. De acordo com o biólogo e chefe do setor de Reabilitação do Cetas, Yuri Marinho, os animais estão passando por um período de recuperação e reabilitação para serem, gradativamente, soltos na natureza. Um jabuti pode chegar a 70 centímetros de comprimento aos 80 anos, havendo alguns que vivem um centenário.  Na natureza, gostam de abrigo e locais escuros e aconchegantes para dormir: sob troncos caídos, em ocos de raízes de árvores, etc. Alimenta-se de vegetais, mas também de pequenos animais como insetos e moluscos (como caramujos), ajudando no controle natural de pragas.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh e Acervo #OxeRecife

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