O bairro do Sítio dos Pintos é um exemplo da desigualdade social do Recife. Ali condomínios luxuosos convivem com população de baixa renda, concentrada nas partes altas, porque as baixas normalmente são invadidas pelas águas, em tempos de chuva. Apesar da aparência bucólica, por conta do ainda abundante verde, o que se vê, na principal via de acesso, é um esgoto correndo a céu aberto, ao lado da calçada. Mas tanto as famílias abastadas quanto as que sobrevivem com até um salário mínimo têm um mesmo tipo de queixa: a violência.
As reclamações sobre a falta de segurança chegam ao #OxeRecife de todos os grupos sociais. “Quando meu neto vai a uma festa, peço que durma em casa de parentes ou amigos, porque não é seguro atravessar o bairro de madrugada”, conta uma amiga, cujo filho resolveu morar em um condomínio em Sítio dos Pintos, depois de ter três automóveis roubados, no bairro de Casa Amarela. Ele pensava que ali era mais tranquilo. Mas enganou-se, porque os assaltos ocorrem à luz do dia, normalmente praticados por duplas que andam em motos.
“Só na rua onde moro, já morreram três jovens, vítimas de gangues ou do tráfico”, conta uma empregada doméstica residente no bairro. “No último domingo, a esquina da Rua do Alto do Bom Jesus com a Rua Parque Santa Maria parecia uma favela do Rio de Janeiro, pois o tiroteiro foi grande e ninguém saiu de casa”, desabafa um pedreiro, que pediu para não se identificar, temendo represálias dos marginais. Afirma que foram dez minutos de tiros para o alto e para todos os lados. “A Polícia Militar até que chegou, mas o tiroteio já tinha acabado e os marginais se esconderam dentro das matas ou na Favela do Detran”, conta a doméstica. Ninguém foi preso. Todos pedem mais presença da PM na localidade, para policiamento preventivo naquele bairro da Zona Norte do Recife.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife