“Tereza Vive”. Homenagem merecida a uma grande artista em várias cidades

Tereza  vive. E viverá, sempre, não só em nossos corações. Mas também na história, no destaque nas artes, na sua vida incomum.  Uma vida múltipla – inclusive sob vários nomes – por conta dos tempos em que mergulhou na clandestinidade, seguindo um grande amor  então perseguido pela ditadura. Só poderia estar falando de Tereza Costa Rego (1929-2020), artista plástica, mãe, avó, amiga.  Grande mulher e grande figura humana! Ela encantou-se ao sofrer um AVC em plena pandemia. Mas nós jamais a esqueceremos. Nem nós, nem ninguém. Não há como.

Na segunda-feira (26/07), Tereza Costa Rego será será lembrada com grande estilo. É que fotos dela, textos e sobretudo do seu trabalho serão projetados em  algumas cidades brasileiras, durante o evento Tereza Vive. Ela merece. Em tamanho gigante, as projeções serão em prédios de cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Olinda. Esta foi onde ela morou e construiu grande parte de sua obra magistral. As projeções estão programadas para o início da noite, por volta de 18h. Em Pernambuco,  ocorrem na fachada do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro, em Olinda. Quem não quiser se deslocar até o local – principalmente nesses tempos de pandemia – pode acompanhar a ação por três perfis no Instagram: @terezacostaregooficial, @mercadoeufrasiobarbosa e @projetemos.

A ação foi possível via Grupo Projetemos, Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa e devido à família da artista. Hoje, 26 de julho, faz um ano que Tereza morreu, aos 90 de idade. Mas a artista é imortal. Entre as obras mais conhecidas de Tereza estão Bordel (que foi motivo de uma grande exposição no Recife), Sete Luas de Sangue, Pátria Nua – Ceia Larga Brasileira, O Ovo da Serpente – Problemas da Terra,  A Serpente. Ao longo de sua vida, Tereza despertou polêmicas. A primeira foi em sua vida pessoal. Menina mimada, de educação rígida e família tradicional, não hesitou em deixar tudo – família e vida confortável –  para viver um grande amor, ao qual  dedica o livro sobre sua vida. Com ele, ela viveu as agruras da perseguição política, o exílio e a clandestinidade. De volta ao Brasil, após a anistia, Diógenes  Arruda Câmara morreria logo depois.  Tereza jamais o esqueceu. E no meio do vácuo amoroso, mergulhou mais ainda em sua arte.

Ao completar-se um ano de seu encantamento, Tereza Costa Rego terá vida e arte projetadas em cidades brasileiras.

Em Olinda, ela dirigiu o  Espaço Tiridá, o primeiro Museu do Mamulengo da América Latina, que hoje funciona no Eufrásio Barbosa. Nesta cidade, chegou a responder pela Secretaria de Turismo.  Foi lá que ela teve uma ideia inusitada: decidiu montar um presépio natalino usando os mesmos bonecos gigantes do carnaval de Olinda: O Homem da Meia Noite, a Mulher do Dia,o Menino da Tarde.  Representavam São José, Maria e o Menino Deus. A confusão foi tão grande que a lapinha virou caso de polícia.  Terminou sendo incendiada, durante a madrugada, provavelmente por católicos ortodoxos, depois que a Prefeitura foi acusada de heresia, de profanação à Sagrada Família. Foi um babado do “tamanho de um bonde”, como diz a gíria antiga. 

Só Tereza mesmo, para provocar semelhante confusão. Mas a intenção foi a melhor possível. Valorizar a cultura da terra, deixando de lado os modelos importados de se comemorar o Natal. Grande Tereza!

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Acervo #OxeRecife

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